Vigília de armas
Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola
Décimo dia
Inácio parte de seu castelo. Dirige-se para. Barcelona, onde pretende embarcar para Jerusalém. Até Montserrat, caminho para a sua meta, são 600 quilômetros. Chega ao famoso mosteiro beneditino, adossado à encosta escarpada de alto monte da Catalunha, no dia 21 de março de 1522. Aí permanece três dias em preparação para uma confissão geral de sua vida. Recebe a absolvição, abrindo-se ao monge francês Jean Chanon.
No dia 25 festeja-se a Anunciação, o grande mistério da Encarnação do Verbo de Deus. Enquanto os padres penetram no coro para entoar as matinas da festa, Inácio, peregrino entre muitos, realiza a sua noite de vigília. Ali é armado cavaleiro da Virgem: é o sentido dessa vigília para ele. Seu garboso traje de gentil-homem foi dado a um pobre. Veste túnica grosseira para marcar o gênero de vida que doravante será a sua. Sua espada e seu punhal, testemunhas de tantos feitos vãos, talvez de delitos, suspendeu-os como ex-voto a Maria, sua Rainha.
Inácio fita a linda imagem da Senhora, de madeira pintada, e dela espera as graças de seu Filho para levar avante seu sonho de santidade e de conquistas espirituais. Maria!… que papel importante terá na vida de Inácio, como tem em todas as obras relevantes para a extensão do Reino de Cristo.
Quão expressiva essa vigília de armas para a história da Igreja! O santo mesmo não se daria conta do que representava aquela demissão de si mesmo para se pôr ao serviço de tal Rei e de tal Rainha. Mas o céu teria se regozijado por mais essa vitória de Cristo.
Bem cedinho, à hora da primeira missa da Anunciação, Inácio recebe o grande Viático para a imensa jornada que inicia. E já o sol desponta quando ele desce a montanha rumo aos desígnios misteriosos de Deus.
Não segue para Barcelona. O monge Jean Chanon, porta-voz do Divino Espírito, certamente aconselha-o a que se prepare para a intentada peregrinação por alguns dias de retiro e oração. Não longe, na aldeia de Manresa, poderá alojar-se no hospital ou com os dominicanos que ali residem.
Manresa!… Quanto nos diz esse nome. Mais do que nunca sentimos Deus presente, conduzindo Inácio pela mão. E a Virgem também. Manresa, berço de uma obra maior que todas as conquistas de cavalaria que o cavaleiro da corte pudesse sonhar. Obra que certamente terá feito tremer os infernos.
Senhor Jesus,
um dia conduziste-me à minha Manresa, onde me falaste ao coração dos teus sonhos para a minha vida.
Quero reviver esses momentos e reavivar em mim os desejos que então me inspiraste.
RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 25-26.
JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA
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