Saborear e amar

Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola

Vigésimo segundo dia

A experiência de Jerusalém, tão frutuosa para a vida de Inácio, deveria sê-lo também para muitos que nunca lá foram. O Salmo 137 tem esta dramática exclamação: “Se eu te esquecer, Jerusalém, seque-se a minha mão direita!” Para o Santo será uma memória sempre ativa em sua mente. Pois não é só na “fração do pão” que a memória de Jesus deve estar viva em nós (Lc 22,19), é cada passo de sua vida que deve ter para nós um significado, um ensinamento a nos comunicar.

Inácio dá grande importância à imaginação. Sabe que ela é “a doida da casa” e que, entregue a si mesma, de rédeas soltas, pode levar-nos longe da oração, quando é o momento de nos concentrarmos em Deus. Por isso, nos seus Exercícios, ele insere a “composição de lugar”, antes das meditações…

Consiste em ver pelo olhar da imaginação o lugar material onde se encontra o que quero contemplar. Por exemplo um templo ou uma montanha em que se acha Jesus Cristo ou Nossa Senhora…

Exercícios Espirituais, 47

Na sua visita a Jerusalém, Inácio sofreu do mal das excursões. O cicerone fala, explica, com maior ou menor interesse, e pouco tempo fica para considerar, desfrutar de detalhes. No caso da Terra Santa, quanta coisa a contemplar com amor, a ver com os olhos do coração, diria a peregrinar de joelhos. Por isso Inácio quer rever.

No Monte das Oliveiras há uma pedra de onde Nosso Senhor se elevou para os céus e veem-se ainda hoje os sinais dos seus pés. Era isso que eu queria voltar para ver.  …Saí do grupo de peregrinos e rumei sozinho para lá. Os guardas não quiseram me deixar entrar. Dei-lhes o pequeno canivete do meu estojo… Depois (em Betfagé) eu me lembrei que não tinha olhado bem no Monte das Oliveiras, de que lado ficava o pé direito e de que lado o esquerdo. Tornei a ir lá em cima.

Autobiografia, 47

Minúcias irrisórias? Não! Para o amor não há minúcias. Inácio quer que tudo fique gravado em sua mente assim lhe será fácil voltar a contemplar, a saborear, a reviver com Cristo pormenores de sua vida.

É o que ele quer nos ensinar pela “composição de lugar”. É o prelúdio para nossas meditações. “Tornar-se-ão contemplações, e mais, se formos fiéis, e se Deus nos quiser comunicar graças maiores.

Se uma pessoa amada está ausente, revemo-la constantemente como é. Se se ausenta de vez, quantas vezes revivemos com ela, em nossa mente, momentos felizes de amizade e compreensão. Com Cristo é diferente, porque ele está realmente presente. Sabemo-lo pela fé. Sabemos também que estávamos presentes a ele quando viveu seus mistérios. Com que carinho, portanto, devemos revivê-los com ele!

Senhor Jesus,
quero conhecer melhor os teus mistérios,
viver na tua intimidade, para me assemelhar a ti nos meus pensamentos e atitudes.
Ajuda-me, Senhor!


RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 49-50.

JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA

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