Um santo em formação

Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola

Décimo primeiro dia

No dia da Anunciação, 25 de março de 1522, Inácio chegou a Manresa e foi pedir abrigo no hospital Santa Luzia. Ia seguro do chamamento de Deus e disposto a tudo para realizar os seus anseios de santidade e de apostolado. A cada passo de sua caminhada Deus o esperava. Quando buscamos a Deus, de coração aberto, Ele também nos espera sempre de braços abertos.

O nosso santo, relembrando esse momento tão marcante da chegada a Manresa, diz em sua autobiografia:

Compreenda-se bem como o Senhor se conduzia com a minha alma, que ainda era bem cega, embora tivesse grandes desejos de servi-lo em todas as coisas de que me fosse dado o conhecimento. Assim é que estava resolvido a fazer grandes penitências, não tendo tanto em vista expiar os meus pecados como ser agradável a Deus e objeto de sua complacência. E então, quando me lembrada de ter que fazer alguma penitência que os santos tinham feito, projetava consentir na mesma e, melhor, a mais ainda. E, no coração desses pensamentos, encontrava toda a minha consolação não considerando coisa alguma interior, nem sabendo o que é a humildade, a caridade, a paciência, nem a discrição própria para regular e moderar essas virtudes, mas toda a minha intenção era fazer dessas grandes obras exteriores, porque os santos haviam feito coisas dessas.

Autobiografia, 14

Inácio reconhece quanto era principiante no caminho espiritual. Era ainda dominado pelo temperamento fogoso que, também no mundo, desejara fazer grandes conquistas. Não sabia ainda, como ele diz ou dá a entender, que a maior conquista começa no interior de nós mesmos pela prática das virtudes e o vencimento do próprio eu.

No entanto, sua grande alma se manifestava na generosidade sem limites que foi um dos traços mais salientes de seu caráter. Não quer tanto expiar, o que será de proveito próprio, como ser agradável a Deus, dar prazer ao Amado, e provar seu amor.

Breve saberá que as grandes obras exteriores também partem do coração; devem primeiro ser interiorizadas e preparadas pela reforma da alma. Todas essas experiências Inácio levará aos Exercícios Espirituais. As suas vivências serão proveitosas a muitos. Na intimidade de Deus, Inácio aprenderá que para além da purificação inicial, o serviço exige do homem uma pureza de vida contínua no domínio constante de si mesmo. O apóstolo o é na medida de sua santidade.

Compreendemos assim? Ou damos mais importância à ação do que à interiorização? Estamos convencidos que sem a oração e a vida em Deus nossa ação fica desprovida da graça que atrai e redime?

Meu Rei,
quero fazer por ti grandes conquistas.
Mas prepara-me despojando-me de mim mesmo e revestindo-me de Ti.
Só assim poderei ser útil à tua causa e à glória do Pai.


RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 27-28.

JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA

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