Projeto de amor
Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola
Nono dia
É emocionante ver-se a transformação que se deu no vaidoso homem de armas que foi Inácio. Encontramo-lo, nas últimas semanas de sua reclusão, ocupado em escrever caprichadamente, em papel escolhido, as passagens mais impressionantes do que lera. Escrevia em vermelho as palavras de Jesus; em azul, as de Maria. Talvez isso nos pareça entretenimento de criança. No entanto, quanto carinho já nos revela pelas coisas de Deus.
Rezava muito, meditava no que lera, saboreava-o e procurava senti-lo no coração, como recomendara nos seus Exercícios Espirituais. Podemos dizer que Inácio se apaixonara por Cristo: será essa a força de toda a sua vida.
No silêncio da noite gostava de contemplar as estrelas Ele diz:
Fazia-o frequentemente e durante muito tempo, porque experimentava ante esse espetáculo, uma grande energia para servir o nosso Senhor.
Autobiografia, 11
Nunca deixará de aprofundar, através das estrelas, o mistério de Deus. Já de idade, de sua sacada de Roma, dirá ainda: “Se o exílio é assim, que será a Pátria!”
Inácio prepara-se para pôr o seu projeto em execução. Irá a Jerusalém, em peregrinação aos lugares onde viveu esse Cristo dos seus amores. Lá, poderá conhecê-lo melhor. Ali irá aprender a crucificar o velho homem, a morrer para o pecado, uma vez por todas para viver por Deus em Cristo Jesus (Rm 6, 5-11). Só deseja despir-se de sua armadura de soldado mundano para revestir-se da “armadura de Deus” (Ef 6,11). Sabe que daí por diante o seu combate será outro, e só com essa armadura poderá resistir no dia do mal e sair firme de todo o combate (Ef 13).
Inácio pensa como poderá partir e vencer a oposição da família, sobretudo a do irmão mais velho, que estranha por demais a sua mudança.
Mas já se resolveu. Haverá obstáculos para o verdadeiro amor? Está no início de uma longa carreira e, no entanto, já ouviu aquele “Vem!” final do vidente de Patmos. Ele também diz a Cristo: “Vem!”. Está pronto a recebê-lo, dando-lhe toda a sua vida. Está sedento de Deus. Pois “que o sedento venha, e quem o deseja receba gratuitamente água da vida” (Ap 22,17).
O exemplo dos santos foi o grande incentivo que levou Inácio a desejar a santidade. Esse exemplo não nos diz nada? O dever de ser “perfeito como o Pai celeste” (Mt 5,48) é de todos. Mas cada um como Deus o fez, no seu lugar próprio no mundo. Todos temos uma missão a cumprir, e, para isso, qualidades a desenvolver, defeitos a extirpar. Estamos conscientes disso?
Senhor,
peço-te hoje a grande graça de desejar ardentemente ser santo, pois nisso estará a tua glória e a minha felicidade.
RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 23-24.
JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA
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