Em busca do caminho
Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola
Oitavo dia
Um revés afastou Inácio do mundo, e no isolamento do seu quarto de doente Deus o chamou, cumulando-o de luzes e de graças. Permitiu que os livros que estavam à sua disposição fossem justamente aqueles que formariam, em grande parte, a sua espiritualidade.
A pessoa admirável de Cristo e a generosidade dos santos o atraíram de modo extraordinário. Fascinado pela beleza de Cristo, quis colocar-se a seu serviço, vendo nele o líder forte e influente, por quem tantos santos haviam tudo deixado e lutado com valentia.
Com sua índole de cavalheiro conquistador, que sonhara grandes feitos para ganhar as honras e aplausos do mundo, fez-lhe impressão o heroísmo dos santos, a dificuldade do serviço a prestar, e logo lhe nasceu o desejo de fazer grandes coisas pelo Senhor a quem resolveu dedicar-se.
Foi aí que chegou à experiência do discernimento espiritual. Os sonhos e projetos que o ocuparam em sua forçada inatividade eram contraditórios. Como seguir a Cristo, seu Rei, com total entrega, e ao mesmo tempo obter os favores do mundo e de uma dama da corte? Era preciso optar, analisar os dados à luz de Deus. A graça venceu e ele optou por Deus.
Nasceu-lhe então o desejo de se assemelhar a Cristo, tomá-lo como modelo e realizar grandes coisas para o secundar em sua obra de redenção. Como? Ainda não sabia. Era preciso começar por penitenciar-se do passado, do tempo perdido a serviço do mundo e do erro. Só assim estaria preparado para o serviço do seu Rei.
A luz se faria aos poucos. Tantas vezes na vida vamos tateando, esperando que a vontade de Deus se manifeste mais clara. O essencial é a decisão de nada recusar. E era a de Inácio. Uma bala o derrubara e fora prostrado como Paulo. Como ao Apóstolo, também lhe seria dito o que devia fazer (At 9,6).
Deus não deixa as suas obras inacabadas, não retira os seus dons, a não ser que seja repelido. Em cada um de nós também ele deseja realizar uma obra maravilhosa. E através de nós realizar grandes coisas. Tantas vezes começamos com ardor e com entusiasmo, sobretudo após momentos de maior fervor, de graças mais sentidas. Mas… chegado o tempo da prova, da escuridão, esmorecemos. Pensamos que, afinal, não temos vocação para o heroísmo.
A verdade é que todos temos a vocação para a santidade. E esta pede heroísmo, talvez o do dever abnegado e obscuro de cada dia, vivido no amor.
Senhor,
quero seguir-te de perto em cada circunstância da vida.
Dá-me a generosidade dos teus santos.
RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 21-22.
JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA
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Hoje me chamou a atenção o clarear aos poucos o caminho e o fervor da hora da graça e o desânimo na hora da continuidade e dificuldades do cotidiano.
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