Tag: Belém do Pará

Quem matou dona Iolanda? Verdades e versões.

A mulher era a pessimidade em forma de gente, do tipo que não falava com pobre, não dava a mão a preto e não carregava embrulho, tal como na música “a banca do distinto”, escrita por Dolores Duran e lindamente interpretada pela Elis Regina. Dona Iolanda chegou ao mundo impregnada da maldade da casa grande e saiu dele como qualquer vivente: na horizontal e sua soberba se decompôs junto com o corpo.

Diário de um desespero – ou quase - XLIV

João Carlos Pereira

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A imensa saudade do Dr. Aurélio do Carmo – parte II

Aurélio do Carmo (1922-2020)

Doutor Aurélio morreu sereno, dormindo, em paz com a vida e com sua consciência. Apeado do poder pelo golpe de 64, ficou longe da vida pública por força de uma cassação infundada. Uma vez lhe perguntei se havia sido cassado por corrupção ou por ideologia e ele respondeu, achando graça: “olha, João, nem eu sei. Eles nunca especificaram a razão do meu afastamento”.

Diário de um desespero – ou quase - XLIII

João Carlos Pereira

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A difícil decisão de colocar ou não o Círio na rua

Por conta de uma angústia que começa a crescer no coração da cidade, esta semana muitas pessoas me indagaram se haveria Círio ou estaria cancelado. Também fui questionado se, desde 1793, quando a romaria saiu pela premira vez, aconteceu alguma interrupção. Essa pergunta, por incrível que pareça, é mais fácil que a primeira. Nem febre espanhola, nem surto de varíola, nem cabanagem, nem revolução de 30, nem primeira ou segunda guerras, nem quando a Irmandade brigou com a Igreja e o cortejo saiu sem padres...

Diário de um desespero – ou quase - XXXVI

João Carlos Pereira

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Uma família que contava versos

Com o dinheiro pouco e regrado, a mãe se consumia com o pagamento do aluguel, porque era uma desonra atrasar um dia sequer. Com jeito jocoso, mas em forma de verdadeira oração, um dos meninos, que depois seria médico famoso na cidade, dizia: “São José, nos dê um chalé”. O outro, que alcançou o desembargo, completava: “São João, nos dê um porão”. Eram líricas alusões ao teto próprio com que sonhavam, para que se livrassem do senhorio.

Diário de um desespero – ou quase - IV

João Carlos Pereira

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Círio nas nuvens

Eram quase dez da manhã deste sábado, 28 de março de 2020, quando um helicóptero sobrevoou o bairro de Nazaré, seguindo na direção de Icoaraci. Desde cedo eu esperava por esse movimento, que quebraria a rotina fatigada dos céus da minha casa, já desabituados ao vai e vem de aviões.

João Carlos Pereira

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