Zaqueu quer ver Jesus (Lc 19-1-10)
Pe. Manuel E. Iglesias, SJ
Felizes os que têm fome e sede de justiça,
Mt 5
porque serão saciados.
Zaqueu era o chefe dos cobradores de impostos na próspera
cidade de Jericó. Ele era rico, mas profundamente insatisfeito, pois se sentia odiado pelos seus conterrâneos e atormentado pela sua consciência. Tinha ouvido falar de Jesus, que acolhia e conversava com os publicanos e pecadores. Chegou ainda aos seus ouvidos uma parábola que Jesus contou e que chocou a muita gente (Lc 18,9-14). Não era para menos. Ele apresentava como mais agradável a Deus um publicano arrependido do que um fariseu convencido da sua perfeição. Pois não é que o próprio Jesus estava chegando a Jericó! Zaqueu não queria perder a chance da sua vida. Ele tinha fome e sede de uma vida nova! Estava pronto para buscar apaixonadamente a vontade de Deus.
Ver Jesus era a sua única esperança de descobrir uma vida
nova e com sentido. Mal sabia que o maior desejo de Jesus era se aproximar de toda ovelha perdida, isto é, sem rumo na vida!
Zaqueu sai de casa e se mistura com a multidão que o olha
com desprezo. O problema é que sendo tão baixinho não conseguia ver Jesus rodeado de tanta gente. Deu um jeito. Correu à frente e subiu numa figueira por onde Jesus ia passar. O seu coração batia com força e finalmente conseguiu enxergar Jesus no meio daquela multidão. Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima e disse:
— Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar na tua casa.
Não podia acreditar no que estava vendo e ouvindo. Desceu
depressa e recebeu Jesus com alegria.
Eu que estava no meio da multidão ouvi que todos começaram a murmurar, dizendo:
— Ele foi hospedar-se na casa de um pecador!
Tive a impressão que Jesus tinha decepcionado a todos. Ele
não podia ser um homem de Deus e se sentar na mesa de um pecador! A comunhão de mesa é um gesto universal de amizade.
Em meio a olhares cépticos e críticos, Zaqueu ficou de pé
e disse ao Senhor:
— Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se
defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais.
As pessoas presentes se olharam com espanto. Reinou um
silêncio interrompido por um Jesus sorridente:
— Hoje, a salvação entrou nesta casa, porque também este
homem é um filho de Abrahão. Com efeito, o Filho do Homem
veio procurar e salvar o que estava perdido.
Zaqueu nos pode contar o que significa receber uma “visita” de Jesus. Ele nos pode falar da misericórdia de Deus, da alegria de ver e acolher Jesus e o novo sentido que a vida tem quando se descobre a felicidade de repartir os nossos dons, vivendo a justiça do Reino.
Como é bom acolher a palavra do Deus vivo e, no silêncio de uma escuta atenta, falar o nosso coração. Desejo, como Zaqueu, ver Jesus?
IGLESIAS, Manuel Eduardo. Zaqueu quer ver Jesus (Lc 19-1-10): felizes os que tem fome e sede de justiça, porque serão saciados (Mt 5). Itaici: Revista de Espiritualidade Inaciana, v. 19, n. 76, p. 91-92, jun. 2009.
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