Curadores pela Palavra

Simone Furquim Guimarães

A leitura do Evangelho proposta pela igreja hoje é Mc 6,30-34.

É o início da narrativa sobre a multiplicação dos pães e peixes. 

O Evangelho toca nossos corações ao relatar o sentimento de Jesus:
Jesus viu a multidão, faminta e desolada, como ovelhas sem pastor.
Jesus teve compaixão da multidão. 

É teológico a figura do Bom Pastor (Sl 22). A figura do pastor tem o sentido do cuidar. Cuidar da vida em todas as suas dimensões.

Na leitura anterior (Mc 6,14-29), vimos que Herodes, o governo local, responsável por cuidar dos cidadãos, estava na verdade destruindo a vida das pessoas. Os líderes religiosos também não as acolhiam, estavam preocupados com seus próprios interesses. O evangelho de João vai denunciá- los como ladrões (cf. Jo 10,1-2.8.10).

Durante os três anos de vida pública, Jesus formou novos pastores (seus discípulos) para reunir as ovelhas e anunciar a Boa Nova. São os curadores pela Palavra, curavam o corpo e a alma. Marcos compreende a realização da profecia de Jeremias (Jr 23,4). 

A leitura dá início ao relato do banquete que promove vida, que alimenta a alma e o corpo do povo no deserto (Mc 6,35-44). Jesus alimenta a alma tantas vezes destruída pela desolação, desesperança na salvação incutida pelos pastores da época (fariseus, escribas, sacerdotes), que excluíam e dispersavam o povo (Jr 23,1). “Ao descer do barco, Jesus viu a grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor” (v.34). E ensinou-lhes o Evangelho.

Ele peregrinou por regiões onde o povo era marginalizado e excluído. Eram pessoas necessitadas de saúde, de pão, de dignidade. Jesus viu a miséria do ser humano. Deus vê nossas misérias, nossas necessidades (Ex 3,7). Teve compaixão (do hebraico: “rehem”, significa útero, entranhas). É um sentimento forte, que vem do ventre, comparável ao amor materno. “Jesus viu, ouviu e teve compaixão da multidão”: Esse é o tema da Campanha da Fraternidade deste ano

Oremos o salmo 22, refletindo e assumindo também nosso compromisso cristão como “pastores” que ama e cuida da vida em relações: com os seres humanos e com a natureza.


Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).


Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

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