O nome dos bichos e o papagaio da Eneida
Eneida, a nossa Eneida, sonhava em ser dona de um papagaio. Um dia, quando já não mais alimentava esperanças de ter um, uma criança bateu à sua porta ...
— João Carlos Pereira
Eneida, a nossa Eneida, sonhava em ser dona de um papagaio. Um dia, quando já não mais alimentava esperanças de ter um, uma criança bateu à sua porta ...
— João Carlos Pereira
Era uma pessoa que jamais topou chantagem ou coisa parecida. Viveu numa retidão de fazer inveja. Tão alegre, tão carnavalescamente alegre, que era o próprio retrato do carnaval brasileiro. Sua ideologia era, mal comparada, uma religião. Viveu, lutou, foi para cadeia por causa de suas idéias. Se afastou um milímetro delas por causa disso?
— João Carlos Pereira
Eneida era boa, justa e generosa. E bonita também. Vicente Salles dizia que sua voz ficou rouca, de tanto gritar pela liberdade. A literatura que produziu é de tal forma lírica, que comprova o que Jesus disse: a boca do homem fala do que está cheio o coração. No caso, seu texto fala até hoje de amor.
— João Carlos Pereira
Alguém suspeitaria que a memória do carnaval brasileiro, em especial a do carnaval carioca, deve ser eterna devedora do poeta Carlos Drummond de Andrade? Logo ele, tão recatado, tão avesso ao barulho, que gesto seu moveria esse condão da história? A insuspeita resposta vai na direção da amizade com Eneida. Com a nossa Eneida.
— João Carlos Pereira
A historiadora do carnaval carioca sabia identificar as diferenças sócio-econômicas da festa. Na Zona Sul, os moradores faziam uma vaquinha, construiam um palanque e dançavam lá dentro, como se fossem coretos. Na Zona Norte residia a tradição, o verdadeiro carnaval de rua, com casais fantasiados de caveira, por exemplo, namorando.
— João Carlos Pereira