Retiro Quaresmal 2023 — Primeira semana

Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a ele servirás…

1º Domingo – Dia 26.02

Mt 4, 1-11: “Jejuou quarenta dias e quarenta noites.”

Estamos iniciando um novo tempo litúrgico, a Quaresma. É um tempo privilegiado, são quarenta dias de preparação para a maior festa do cristianismo: a Páscoa. Há uma série de símbolos próprios na liturgia deste tempo da Quaresma: a cor roxa dos paramentos; não é rezado o hino de louvor (o glória), a temática das leituras, os cânones, etc.

A liturgia nos convida ao jejum, não somente para cumprir uma lei, mas é uma forma de nos tornarmos solidários com aquelas pessoas que passam fome, não tem o alimento necessário para o sustento de seu corpo. É tempo de mortificação, de renúncia, de sacrifício (se bem que esses termos na atualidade são muito pouco usados, para não dizer desconhecidos). É tempo do conversão, mudança de mentalidade e do coração.

Cada ano, a CNBB nos apresenta um tema bem presente na vivência do povo brasileiro para que meditemos e reflitamos.

A narrativa apresenta Jesus sob a faceta do novo Adão, porque vence o orgulho que pôs a humanidade contra Deus. Ele é o novo Israel, pois vence as tentações a que Israel sucumbirá no deserto. Ele é o novo Moisés, porque superou as tentações de Moisés para ser o fundador , e o guia do novo povo do Deus, a Igreja.

O deserto das tentações é um resumo da experiência de Jesus durante todo o seu ministério. A narrativa visa a mostrar o sentido dessas tentações.

Segunda-feira – Dia 27.02

Mt 25, 31-46: “Todas as vozes que fizestes isto aos meus irmãos mais pequeninos, foi a mim que o fizestes”.

Este relato da descrição do juízo final pode ser interpretado de dois modos, dependendo de como entendermos a palavra irmão. Entendida num sentido genérico, designará qualquer homem. Neste caso a exortação se refere a todos os homens: Jesus está presente em qualquer faminto, sedento, forasteiro, sem roupa, enfermo ou encarcerado. Entendida num sentido mais restrito, a palavra irmão designará os membros da comunidade cristã e, portanto, a exortação se refere somente aos cristãos famintos, sedentos… Mas, tal vez as duas interpretações não sejam excludentes.

Mateus convida sua comunidade a recriar a solidariedade recíproca que deve reinar na nova família convocada por Jesus. A exortação das parábolas precedentes a estarem vigilantes e atentos adquire uma grande força à luz deste relato final. Estar vigilantes e preparados consiste principalmente em viver segundo o mandamento do amor.

Terça-feira – Dia 28.02

Mt 6, 7-15: “Eis como deveis rezar.”  

Nos evangelhos existem duas versões do Pai-nosso. Uma de Lucas, a mais breve e provavelmente a mais antiga. E a outra de Mateus, por sua vez apresenta a que era recitada em sua comunidade. A oração, como as demais práticas religiosas, transformaram-se para os fariseus num motivo do ostentação e luzimento externo; deixaram de ser um modo do louvar a Deus e era somente um instrumento para alcançar honra e prestigio diante dos homens. A oração do cristão deve estabelecer uma relação íntima com o Pai; entra no teu quarto, fecha a porta; num clima de abandono e confiança a Deus: o teu Pai recompensar-te-á. Os cristãos devem orar como Jesus orava. Esse estilo de oração está presente de uma forma condensada no Pai-nosso.

Precisamente no fim de uma dessas paradas em oração, não sabemos a que horas do dia, seja de manhã ou à noite, um discípulo lhe pede que ensine a toda a comunidade como rezar, seguindo o exemplo daquilo que João Batista havia feito com aqueles que o seguiam. Em resposta, Jesus entrega uma oração breve, essencial, que Lucas e Mateus (cf. Mt 6,9-13) nos transmitiram em duas versões. A de Lucas é mais breve, constituída principalmente por duas demandas que têm um paralelo na oração judaica do Qaddish: a santificação do Nome e a vinda do Reino. Seguem, depois, três pedidos referentes àquilo que é realmente necessário para o discípulo: o dom do pão do qual se precisa todos os dias, a remissão dos pecados e a libertação da tentação. A oração do cristão é simples, sem muitas palavras, mas cheia de confiança em Deus – invocado como Pai –, no seu Nome santo, no seu Reino que vem. Tendo comentado várias vezes o “Pai-Nosso”, gostaria aqui, ao contrário, de me deter nos versículos seguintes, aqueles que contêm a parábola e a sua aplicação.

Quarta-feira – Dia 01.03

Lc 11, 29-32: “Nenhum sinal será dado a esta geração a não ser o sinal de Jonas.”

No Evangelho de hoje, encontramos Jesus usando ásperas palavras. Ele se dirigi ao povo que o ouve como a uma “perversa geração”. Mas por que tanta dureza? Porque eles não estão abertos para reconhecer o tempo de sua conversão às pregações de Jesus. Jesus é o sinal que é, ao mesmo tempo, um apelo á conversão, muito mais urgente do que o apelo que o profeta Jonas dirigiu aos habitantes de Nínive, que eram pagãos.

Para cada um, a conversão tem a sua “hora” certa. É Jesus quem passa em nossas vidas em determinado momento.

Ele é o sinal, que é um apelo à conversão muito mais urgente do que a do profeta Jonas, dirigiu aos habitantes de Nínive, os quais eram pagãos. As palavras de Jesus assumem um estilo profético e, ao mesmo tempo, um tom de julgamento.

Quinta-feira – Dia 02.03

Mt 7, 7-12: “Pedir. Buscar. Achar. Bater.”

Estes ensinamentos de Jesus pertencem a uma antiga tradição, que Mateus e Lucas apresentam em contextos diversos. Em Lucas servem para ilustrar como a oração do cristão deve ser perseverante e confiante, em Mateus, no entanto, pretende apoiar a decisão do discípulo que opta para servir a Deus.

Os três imperativos que iniciam a instrução: Pedir… Buscar… Bater… tinham um sentido religioso no judaísmo: expressavam a busca em Deus e a confiança em sua providência. Mateus quer infundir esta mesma confiança à sua comunidade, relembrando–lhes que a oração cristã expressa e torna possível um estilo de vida em absoluta dependência de Deus.

Sexta-feira – Dia 03.03

Mt 5, 20-26: “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus…”

Não é suficiente a justiça dos fariseus. Não basta evitar os homicídios, as mortes, as guerras. Jesus quer ir à raiz do mal, que se situa no mais profundo de nosso ser, e quer que nos convertamos ao nível dessa estrutura. O lugar privilegiado de Deus no mundo, após a encarnação, não é mais nos templos, mas na pessoa humana.

É preciso decidir-se pela fé e pela conversão. O perdão fraterno não pode ser adiado. Converter-se é seguir a Jesus no amor que ele tem por todos nós.

Hoje, sabemos, é inútil um culto a Deus se não cultuarmos o irmão, não amarmos o nosso próximo. E a reconciliação com o próximo tem precedência à adoração de Deus. Estamos assim perto de Deus na medida em que estamos perto de nosso próximo.

Sábado – Dia 04.03-Repetição

A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.

Proposta | Primeira semana | Segunda semana
Terceira semana | Quarta semana
Quinta semana | Semana Santa

Material produzido pelo Pe. Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ.

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