Marielle Cunha Bonilla

Agradeço a Gina Torres o gentil convite, para partilhar, com vocês, minha caminhada no estilo de vida da CVX e meu feliz encontro com a espiritualidade inaciana.

Em 1980, fiz o meu primeiro encontro Regional do Grupo OPA (Oração pela Arte), na Casa da Gávea, quando tinha apenas 8 anos de idade. Nessa época, de forma muito prematura, como uma das primeiras integrantes do Opinha, escutei pela primeira vez sobre Santa Tereza de Ávila, suas 7 moradas, sua adesão, sua união à Vontade do Pai. Nesse então, a minha “arte” foi a fotografia e aderi ao grupo de fotografia liderado pelo Oscar Lepikson, pela Angela Araújo (ambos do OPA SSA) e pela Lupe Rodrigues M. (OPA Rio).

De forma lúdica, o OPA, fundado pelo Padre paraguaio Casimiro Irala, SJ, me presenteou, em seus Encontros Nacionais e Regionais, a espiritualidade inaciana, inspirado na Contemplação para Alcançar Amor, tão presente nos ideais do Grupo OPA: a Criatividade, a Integração e a Comunicação.

Eis que a espiritualidade inaciana foi entrando, encontrando espaço, aos poucos, na minha história, na minha vida de fé.

Em busca de algo mais, do Magis, me sentia chamada, em minha juventude, no meu apostolado com crianças carentes na catequese da Paróquia São Judas Tadeu, no Rio (EAC – Encontro de Adolescentes em Cristo); e sentia o desejo de conhecer profundamente sobre a pessoa de Jesus, para em tudo mais amar e servir.

O Padre Paul, SJ, trabalhou com o Grupo Opa nos anos 1980-90 e já tinha me falado e dado testemunho da sua experiência com a CVX. Concomitantemente, conheci membros do OPA Paraguai, que também eram membros da CVX Paraguai.

No entanto, somente em 1990, participei pela primeira vez de uma reunião da CVX, da Pré-CVX Beato Anchieta, assessorada pelo Pe. Javier Enciso, SJ, comunidade de pertença de Marlene, Ruthinéia, Sobrinho, Tânia, Everaldo, Gilda, entre outros.

Nesse mesmo ano, participei pela primeira vez dos EEEE de 8 dias e comecei, logo após, a servir ao Regional da CVX – RJ como Secretária do Regional.

A Pré-CVX Beato Anchieta, já sob a liderança e assessoria da Luluca Alvim, tinha como apostolado de seus membros dar EEEE de iniciação para jovens. Dávamos esses EEEE nos fins de semana, unidos em missão.

Fui formada na espiritualidade inaciana pelas mãos de leigos como Maria Clara e Ekky Bingemer, Aninha e Ari Penalber, Luluca e Hélcio Alvim, Gina Torres, Lycéia, Lourdes e Adriano Vaz Neto, Teresa e Paulo Andrade, Penha Antoniolli, e de religiosos como os padres Paul, SJ, Javier Enciso, SJ, Ulpiano Vásquez, SJ, Fernandes, SJ, Klein, SJ, e José Luis Caravias, SJ.

Tanto bem recebido, tanto que agradecer e retribuir, me vem à memória a letra da canção:

“Todo dia eu agradeço tanta gente que conheço” (Música de Nizan Guanaes e Grace Gomes) – Grupo OPA:

Todo dia eu agradeço
  tanta gente que conheço,
  e num mundo tão avesso
  essa gente não tem preço;
  pois são demais,
  são pura luz:
  são Chicos, Terezinhas de Jesus.
  tem tua paz no coração
  a caridade e a confirmação
   e se a carne é prisão
  o teu amor liberta;
  não será preso não
  quem tem a alma aberta.

Poderia dizer que sou privilegiada por viver o Carisma da CVX, através de uma experiência latino-americana.

Em 1993 e em 1994 fui representar a CVX Brasil na Colômbia e no Equador, no Encontro Internacional de Formação (EIF), uma das primeiras iniciativas do ExCo de formação internacional, na América Latina. A experiência foi exitosa e depois replicada para Estados Unidos, Europa e África. Naquela ocasião, eu era a Secretária da Mesa de Serviço Latino-Americana.

Participar da CVX redimensionou minha vida de fé, mudou para melhor a minha imagem de Deus, e mudou o rumo da minha vida.

Todas as coisas importantes, boas, louváveis, me foram dadas por Deus através da CVX e da Espiritualidade Inaciana. O discernimento, o exame de consciência, a vida comunitária, a prática da oração diária, os EEEE, ferramentas da Espiritualidade Inaciana, para ver novas todas as coisas em Cristo Jesus. E com este novo olhar, trabalhar incessantemente pelos mais excluídos de nossas sociedades, dando testemunho do Cristo Pobre e Humilde, em comunhão com a Construção do Reino, aqui e agora.

Deus, através da CVX, me trouxe meu marido Paco Bonilla. Eu o conheci em 1994, no Equador, e nos casamos em 1996 no Rio. Desde então, eu participo ativamente da vida da CVX Equador mais precisamente da vida da CVX em Quito.

Em 2011, professei o Compromisso Permanente da CVX. Desde então, sou Assessora da CVX Cardoner, da Regional Quito, e participo como membro da equipe de formação dessa mesma Regional.  

De 2014 a 2016, fui Coordenadora Regional da CVX Quito. Pude mergulhar fundo na experiência dos Exercícios Espirituais de 30 dias na vida cotidiana, ao fazer parte da equipe que ofereceu exercícios de 5 e de 30 dias para membros da comunidade local.

Durante a pandemia, pude participar das reuniões online da minha Comunidade de origem, a que era Beato e agora se chama CVX São José Anchieta, e de 2 etapas de EEEE para leigos e religiosos, a nível local, e latino-americano. Das mãos de Santo Inácio, desde a sua graça e exemplo, me sinto unida à CVX no Brasil e à CVX no Equador, enviada, em constante missão, e chamada a agradecer e a retribuir tanto bem recebido. Rezo com vocês, na união de almas e corações a oração do nosso patrono:

Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade. Tudo o que tenho e possuo Vós me destes com amor. Todos os dons que me destes, com gratidão vos devolvo. Disponde deles, Senhor, segundo a Vossa vontade. Dai-me somente o vosso amor, a vossa graça. Isso me basta nada mais quero pedir.
Amém.

Abraço carinhoso, em Cristo.

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Marielle de Almeida Cunha Bonilla é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade CVX Pescadores, Quito, Equador.

CVX: Uma Vocação

Imagem: Ismael Nery (1900-1934). Anunciação, 1930. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.

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