Simone Furquim Guimarães

Neste Sábado Santo, a leitura do Evangelho é Mt 28,1-10. Maria Madalena e a outra Maria vão ao sepulcro encontrar o corpo de Jesus. Mas o corpo já não está mais lá. O anjo do Senhor aparece e informa que Jesus ressuscitou. Elas correm para anunciar aos demais discípulos e encontra Jesus ressuscitado pelo caminho.

É importante observar que esse texto é marcado por palavras como tremor, medo e alegria: a terra tremeu, os soldados tremeram de medo e ficaram paralisados, as mulheres tiveram medo e muita alegria.

Estamos falando de um contexto político em que qualquer pessoa que colocasse em risco o poder do governo romano era açoitada e morta na cruz. Por isso todos que estavam no movimento de Jesus, certamente tinham muito medo das perseguições e morte na cruz. Mateus expressou neste texto o sentimento que pairava entre o grupo que seguia Jesus: o medo.

Passados 50 anos da morte de Jesus, a comunidade cristã em torno do Evangelho de Mateus, descreve esse acontecimento a partir de sua fé, a partir de uma perspectiva de esperança e esperançar para todos que continuam com medo das perseguições, tanto do governo romano como dos conflitos com os judeus da diáspora.

Para Mateus, não há porque ter medo. É dito duas vezes para as mulheres: “Não tenham medo”. Quem disse? Primeiro o anjo, depois o próprio Jesus ressuscitado.

A Palavra do Evangelho é viva para nossa realidade hoje. Quantas situações em nossas vidas que nos fazem paralisar, tremer de medo? As violências, o desemprego, a falta de perspectiva de vida, a ameaça de não conseguir nada nem para a própria sobrevivência: o medo da fome para aqueles que não tem e não sabem se vão poder comer hoje.

Diante do medo, nossos corpos também reagem. Muitas pessoas estão em pânico, estão paralisadas, em depressão; e não sem razão, tudo isso é motivo para tremer de medo. O que podemos fazer para lutar contra todo mal que nos amedronta hoje?

O Evangelho nos ensina que a fé na ressurreição foi a válvula de escape da pressão que os primeiros cristãos tiveram para assim vencer o medo e seguir os ensinamentos de seu mestre Jesus: sermos solidários com os outros, com as outras, ajudar quem mais necessita, viver em comunhão. Isto nos fortalece, ressuscita nossos corpos paralisados.

Hoje é dia de celebramos o sábado de aleluia, que é a expectativa da vida, da ressurreição; assim fizeram aquelas mulheres de fé: elas não viram Jesus no sepulcro, mas recordaram de tudo o que ele havia dito e se alegraram, e correram para anunciar o ressuscitado. A morte não é a última palavra de Deus para o ser humano, a última palavra é vida e vida em abundância.

Feliz Páscoa para todos e todas!

 

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Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).

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Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

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