Ser vulnerável e ter fé
Dorinha Ferreira
Trago nessas linhas a escrita de um tempo em que vivi uma experiência de fé em Deus, em profunda intimidade com o Cristo, banhada na brisa do Espirito Santo. Um tempo que tive que vencer meu medo da morte.
Sempre tive medo de ser vulnerável, e esse medo, muitas vezes, não permitia que eu avançasse, que mergulhasse em águas mais profundas como sempre Cristo nos convida. Talvez por meu preconceito diante do significado de “ser vulnerável” que soava para mim como algo negativo que a sociedade não aceita e exclui. Assim, ser vulnerável é viver à margem da sociedade, ser indesejado, uma vez que a vulnerabilidade é vista como fraqueza. No entanto, para nós, cristãos, a fraqueza é o que fortalece e nos fortalecemos na fé que temos em Cristo em seu projeto de vida. Como escreveu o padre Caravias, SJ em um pequeno texto, publicado no Faceboock, na Páscoa de 2021: “Sinto um grande conforto ao saber que este projeto está firmemente apoiado em suas promessas. Eu posso falhar, mas você nunca”.
Diante de duas possibilidades de ser no mundo, em que uma delas implicava a transparecer toda minha vulnerabilidade humana, deparei-me com um livro, sugerido em um curso, cujo título era instigante: “A Coragem de Ser Imperfeito”, de Brené Brown.
No início, esse livro me dava matéria de oração para um retiro de muitos dias em silêncio. Para mim foi um retiro pessoal na vida cotidiana, pois a leitura dele me sustentou durante todo o período em que estive enferma, tratando de um câncer, em isolamento social por causa da pandemia, de março de 2020 a março de 2021. Um tempo de oração que me levou a ressignificar várias coisas em mim, no meu jeito de ser comigo mesma, com Deus e com os outros.
Reconheço minha fragilidade (sou vulnerável), estou em constante reconstrução me reconhecendo como vulnerável, pois na fraqueza somos fortes. Como diz Brené Brown:
“Vulnerabilidade não é conhecer a vitória ou derrota; é compreender a necessidade de ambas, é se envolver, se entregar por inteiro. Vulnerabilidade não é fraqueza; e a incerteza, os riscos, e a exposição emocional que enfrentamos todos os dias não são opcionais. Nossa única escolha tem a ver com o compromisso. A vontade de assumir riscos e de se comprometer com a nossa vulnerabilidade determina o alcance de nossa coragem e a clareza de nosso propósito. Por outro lado, o nível em que nos protegemos de ficar vulneráveis é uma medida de nosso medo e de nosso isolamento em relação à vida.”
Realizar a leitura orante desse livro contribuiu para me aceitar como pessoa vulnerável que sou feita pelo sopro do Espirito Santo de Deus que me moldou na argila e só Ele pode me remoldar nessa construção constante da vida.
Continuamente estive em um lugar de cuidar do outro. Isso, de certa forma, me fazia sentir como alguém que se blindava com os serviços prestados, mas descobri que não é assim. Viver implica riscos, implica perdas, implica adoecer e, quando isso acontece, sair do lugar de cuidador para o lugar de ser e receber cuidado é imprescindível, mas até chegar nesse entendimento… E foi isso o que aconteceu: de uma hora pra outra minha vida mudou.
A pessoa que recebe um diagnóstico de câncer de mama, por um mastologista, a primeira coisa em que se pensa é: eu vou morrer? Perde o chão, a história da sua vida passa em segundos por sua mente e ao mesmo tempo sua cabeça parece não ter pensamentos, quando acontece algo de surpresa na vida que afeta a rotina que parecia tão perfeita, a fé estremece, é um tempo de tempestade que se anuncia: o que será que me espera?
Por ser uma cristã católica, tenho uma fé cristológica onde a presença de Jesus, acreditar que Ele cuida de nós, é tão agradável, encorajadora e consoladora. No entanto, em tempo de tempestade, que não deixa de ser um tempo de tentação, podemos duvidar da existência desse Deus. Aquele evangelho, da tempestade em alto mar (Mt 8,23-27), os discípulos desesperados e Jesus dormindo, Ele é acordado pelos apóstolos apavorados que dizem: “Senhor, salva-nos, nós perecemos” e Jesus pergunta: “Por que este medo gente de pouca fé?” A tranquilidade de Jesus, em um momento de turbulência, incomoda seus companheiros. A serenidade de Jesus, fruto de uma fé inabalável, nos faz perceber que nem sempre os nossos caminhos coincidem com os caminhos de Deus. É um apelo à entrega e foi essa minha escolha; o que mais desejei nesse tempo era ter paz, paciência e confiança. E seguindo em paz, dom que me foi concedido, consegui me colocar nas mãos de Deus.
A fé em Deus Filho foi fundamental nesse momento: “O exercício da fé, seja ele como for, é muito importante para o paciente oncológico”. Na Psicologia, a espiritualidade é considerada um recurso de enfrentamento. Ou seja, uma ferramenta importante para entender o mundo e as questões que não podem ser explicadas pela ciência, mas que ajuda a dar conforto para o coração, dar sentido para a existência. Por meio da fé, a pessoa pode conseguir respostas que, apenas no tratamento, talvez não encontre. Mas realmente é muito importante sempre separar fé, no sentido de espiritualidade, da religiosidade. Caio Henrique Vianna Baptista, psicólogo responsável pelas áreas de Oncologia e Onco-Hematologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e presidente da Estadual São Paulo da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO), dirá que “fé, originária da espiritualidade ou da religiosidade são coisas distintas, que podem ou não estar conectadas”.

A espiritualidade pode ser definida como uma habilidade humana de buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o palpável, à procura de um sentido de conexão com algo maior que transcende qualquer conhecimento. Nesse sentido, a espiritualidade pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa. A religiosidade geralmente é definida como vivência da ordem sociocultural de condutas e práticas em locais que oferecem ritos, símbolos os quais contribuem para validar nossa fé. Quis deixar claro como eu entendo esses dois conceitos, porque considero que ambos contribuíram nessa caminhada em busca da cura.
Ir à consulta com oncologista, nome que não gostava nem de pronunciar – aliás eram duas palavras que me aterrorizavam: câncer e oncologista. A partir daí, comecei a quebrar tabus e medos que tanto me aterrorizavam. Dra. Aline, médica que transmite vida e esperança na fala, disse: vamos acabar com isso rapidinho. Você terá que fazer quimioterapia: 4 ciclos da mais eficaz e 12 ciclos da mais branda. Eu questionei: a mais eficaz é a vermelha? Esses termos utilizados fogem aos nomes científicos utilizados, e sim são termos ressignificados por mim, após informações médicas, ressignificar ajuda a suportar o que é insuportável. Pois existe um receio em torno dessa medicação, uma vez que os danos e efeitos colaterais são mais fortes. E ela reforça: É a mais eficaz. Essa palavra eficaz, pra mim, enquanto paciente oncológica, é ressignificada: saio do consultório para tomar essa medicação com o pensamento de que, se é a mais eficaz, vai me curar, a fé de que essa medicação é um instrumento de cura, me afasta do medo e me aproxima da gratidão por saber que existe uma medicação para me tratar, esse pensamento me alimenta e encoraja. Quando a medicação chega, olho pra ela e faço uma declaração de amor: eu te amo e sei que você só me fará bem. Enquanto tomo a medicação, lembro-me do evangelho da mulher hemorroíssa (Lc 8, 43- 48) e contemplo a cena: ela sofreu com uma hemorragia durante 12 anos e, num encontro com Jesus que passava, em um ato de fé pensou “se eu tocar a sua túnica ficarei curada”. Ela tocou e ficou curada no mesmo momento. Essa imagem é linda, contemplar a coragem dessa mulher e um Jesus sensível, que sentiu o toque dela e perguntou: “Quem me tocou? Eu senti uma força saindo de mim”. A mulher, vendo que não podia se ocultar, veio tremendo, caiu-lhe aos pés e declarou diante de todos a razão pela qual O tocara, e como ficara instantaneamente curada. E Ele responde: “tua fé te curou, vá em paz”. Esse exercício de contemplação suscita um desejo profundo de aumentar a intimidade com um Deus que cria e recria todos os dias e que, numa atitude de amor ao mundo, enviou seu Filho para salvar-nos.
Assim, mudou completamente minha atitude de uma paciente oncológica medrosa, para uma paciente cheia de esperança que o tratamento iria dar certo. Mas com toda fragilidade humana, em uma noite angustiante, em que me deparei com tanta incerteza, sem conseguir dormir, sentei na cama para uma conversa com Deus. Senti a presença Dele muito forte e resolvi escrever uma carta para Ele. Compartilho aqui essa carta:
Carta ao Paizinho!
Oi Paizinho, vim desabafar com você, pois em ti tenho plena confiança e te amo muito sei que não é da sua vontade que fiquemos doentes e padeçamos, mas diante de configurações orgânicas, muitas vezes o corpo padece, adoece.
Em tempo de fragilidade à flor da pele, é assim que me sinto, como um cristal e isso me angustia muito, pois coloca em xeque a minha total falta de controle sobre as coisas, a vida, o real da minha vida, à minha frente. Sou uma mulher introspectiva demais quando me deparo com os riscos da vida; sempre preferi não fazer algo a correr risco, me escondia por trás de uma falsa sensação de que controlava tudo. Só que agora a vida me coloca diante de algo que envolve a vida, e viver é uma das coisas que mais gosto de fazer, seja do jeito que for, me escondendo mais do me que me mostrando e dessa forma indo levando a vida. O fato é que me apeguei de fato a algo que amo, que é o meu trabalho. Sair pra trabalhar é o meu maior prazer, me sinto feliz com isso, me faz bem estar no lugar de quem oferece o cuidado, gosto de estar neste lugar, me sinto bem, sinto que é um lugar que me fortalece. No entanto, numa destas curvas que a vida faz, me deparo com um tempo de cuidar de mim, cuidar da minha saúde, e isso inclui me afastar do trabalho.
Enfim, o ponto principal aqui é justamente o não estar trabalhando. Pensei que o tratamento pudesse ser prosseguido e o trabalho acontecendo como acontece normalmente, mas em tempo de pandemia não podia arriscar: é tempo de cuidar de mim, da minha saúde. Só que esse tempo são 180 dias, 6 meses, e com a atual conjuntura da saúde mundial, isolamento social. Meu Deus, é uma total mudança de vida. Não é o meu querer, mas parece ser o melhor.
Abba, o Senhor tem sido tão maravilhoso comigo, me ajudando no tratamento, sem ter os efeitos colaterais tão mencionados e que o Senhor gentilmente me alivia deles, sou imensamente grata por isso.
No entanto ABBA, o que pega é essa mania que tenho de querer precipitar sua vontade em minha vida, de querer saber do amanhã, antes do amanhecer. E esse jeito de ser me faz muito mal e tenho plena consciência disso, pelo mal que sinto em meu corpo de forma tal que desprendo energia demais e fico muito cansada. Abba é uma sensação horrível no meu corpo. E hoje, aqui, assumo e acolho toda essa ansiedade e angústia, diante de vós e lhe suplico que liberte disso que me causa tanto estresse e me desgasta tanto. Abba eu confio em vós, sei que do câncer vou ser curada, mas também quero ser curada desse jeito de ser. ABBA eu sei que o que vou te pedir é caro demais, mas na confiança que possuo em vós, me atrevo a te implorar que eu passe por esse tempo de convalescência, tempo de tratamento, com paciência e serenidade com ânimo e generosidade, que eu não me feche em mim mesma por causa do medo e, nos momentos de fraqueza, que eu simplesmente confie, entregue e espere em vós .
Abba me ajude a readaptar a essa realidade que me é proposta e que eu tire proveito desse tempo. Que aceite ser cuidada e aprenda com isso a cuidar melhor dos outros que se aproximem de mim.
Abba, sei que estou te pedindo demais, mas a quem recorrerei, se só posso colocar toda minha confiança em Vós? Quero te agradecer imensamente por me apresentar São Peregrino, padroeiro das pessoas que tem câncer, e o Pe. Expedito que espalha a devoção a esse santo que defende causa tão nobre, e ensina a rezar por todos que sofrem com essa enfermidade.
Abba, mesmo em isolamento social, não permita que eu me feche em mim mesma: tenho minha mãe, minha prima, minha afilhada e todos os familiares que estão comigo nesta jornada. Abba me ajuda a interagir com eles de maneira alegre e paciente, não permita que me feche em mim mesma – sei que esse é o pior caminho. Coloca-me, Abba, do seu jeito, tenho certeza que é o melhor pra mim. Diante da sua cruz, sinto esperança ao refletir sobre o que fiz, o que faço e o que farei por ti.
Neste momento é meu desejo fazer diferente daqui pra frente. Confesso que não sei como fazer, mas quero me colocar à disposição para te servir. Abba, abra meus os olhos e os ouvidos do coração pra que te escute e cumpre a sua vontade. E o futuro (ah esse danado que me desorienta tanto!) te entrego de todo o coração, minha vida está em suas mãos. Faça, Senhor, o que é o melhor pra mim, eu me entrego e confio em plenamente em vós. Sou de vós. Só te peço o dom da PACIÊNCIA, da alegria e o dom de sair de mim. Amém. Te amo Abba, não vivo sem você. Um grande beijo no seu coração, beijo no meu irmão Jesus, na mãe e intercessora de todos nós e no sopro, brisa suave, o Espírito Santo.
Sua filha, Dorinha.
Procurei ajuda psicológica, terapia energética, estou aprendendo a fazer meditação, caminhar no quintal de casa, fazer biodança. Enfim, diante de um problema de saúde senti necessidade de me reencontrar comigo mesma, reencontrar um equilíbrio que parecia estar cambaleando. Dessa forma, fui traçando o caminho do meu tratamento, banhando-o sempre na fé e na esperança. Dessa maneira, o tratamento foi ficando mais leve, mais suave. Fui fazendo uma revisão de vida, revendo valores, o jeito de conviver com as pessoas, um reencontro com minha família biológica, pra aprender a me relacionar com eles. Sinto que o tratamento está pra além da cura física, é algo que perpassa pelo meu crescimento espiritual e, junto com ela, toda minha caminhada desejosa de crescimento espiritual, de me parecer mais e mais com Cristo.
Ia pra quimioterapia com muita alegria, silenciosa e confiante em Deus, deitava para tomar a medicação, durante 4 horas, escutava músicas que me traziam paz e confiança. Preferia as que me induziam a adoração ao Santíssimo: eu visualizava a hóstia consagrada na minha frente de olhos fechados e aquilo me enchia de paz e confiança, e eu me entregava, como uma criança se joga nos braços do pai.
Os profissionais da clínica eram (são) maravilhosos, todos tratavam os pacientes com muito carinho e atenção, sempre chamando de amor e sempre confortavam os pacientes. Aliás, nunca vi tanto sentido na palavra paciente, pois é um momento em que você se entrega e tem que esperar …. esperar e já ir agradecendo.
Foi muito importante aprender a me relacionar com a medicação de forma positiva, a gostar desta medicação, que muitos chamam de “veneno”. Assim, todas as vezes que ela chegava, eu fazia uma declaração de amor, e firmava o pensamento positivo de que aquela medicação só me faria o bem. E assim fui levando meu tratamento e, por incrível que pareça, a aceitação em si diminuiu os efeitos colaterais e tornou mais leve a caminhada.
E assim o caminho segue, na certeza de que sou vulnerável, mas as vulnerabilidades estão aí para serem vividas e até mesmo nos fortalecer. E o tratamento foi continuando, os 180 dias se transformaram em 365 dias: dias de muita oração, e uma vida recheada da presença de Deus. Nessa jornada, conheci várias pessoas com câncer: eu não sou a única e nem a mais enferma. Conheci pessoas mais graves, uns se curaram, outros morreram. Cada um de nós vivendo esse momento de enfermidade, acompanhados por Deus que se faz presente em nosso meio, em todos os momentos.
No entanto, por ter fé e seguir uma religião, aconselho que o paciente oncológico não abandone o tratamento indicado pelo médico. Assim como os estudos indicam que acreditar em algo ajuda no combate aos problemas de saúde, eles também comprovam que seguir o tratamento com medicamentos específicos é essencial para a cura das diversas doenças, é por isso que existem médicos e medicações. O câncer não é uma doença única e sim um conjunto delas, com especificidades individuais e diferenças celulares. Isso quer dizer que um único tratamento não servirá para curar todos os tipos. É preciso avaliar caso a caso e indicar protocolos distintos. A fé ajuda a vencer o avanço do medo em qualquer circunstância da vida. A fé nos ajuda a encarar as adversidades da vida com mais segurança. Ela nos dá a sensação de que estamos sempre acompanhados por Alguém que não vemos, mas que se faz presente e o sentimos todas as vezes no próximo, no perfume de uma flor, no ar que respiramos, na brisa suave do amanhecer que sentimos, acredito que esses são sinais desse Cristo que ressuscitou e está em nosso meio. “Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã”.
Referências:
BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
BAPTISTA, Caio Henrique Vianna. https://www.drbrenogusmao.com.br/artigos/pensamentos-sobre-o-diagnostico-de-cancer/; 26 de junho de 2019.
Dorinha Ferreira é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade São Paulo Apóstolo, Belo Horizonte (MG).
Imagem: Tarsila do Amaral (1886-1973). Calmaria II, 1929. Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
Que depoimento bonito do crescimento espiritual na doença! Deus nos sustenta na nossa vulnerabilidade, na nossa fraqueza… Obrigada por compartilhar!
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Gratidão pelo depoimento!
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Querida Dorinha
Obrigada por depoimento pleno de fé em tempos de dor e doença!
Compartilharei a tua pedagógica experiência de cuidado !
Maria Inés Tozatto
Comunidade CVX Nossa Senhora da Luz, Rio de Janeiro
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