Relato da diferença que a espiritualidade inaciana fez em minha vida
Maria Madalena da Silva Frisch
Sou Madalena!
Sou Madalena; começo minha narrativa assim porque me sinto predestinada a ser companheira de Jesus, de sua missão, desde meu nascimento em 02 de outubro de 1956. Venho de uma família baiana onde meus pais criaram 8 filhos. Não me faltaram amor e cuidados, mas nem sempre nossa situação financeira pôde atender às necessidades de 10 pessoas. Minha mãe, educada em um ambiente católico, passou todo esse cuidado e atenção em participar da missa para nós, e a sempre estarmos atentos, porque ela dizia: “Deus tá vendo”, acredito que para ajudá-la a administrar tantas vidas… Mas isso criou em mim uma certeza de não estar só; a fé começou assim, através dos exemplos da minha mãe.
Na adolescência, me senti inclinada à vida religiosa. Participava de uma comunidade das Ancilas do Menino Jesus e me encantava com o modo de vida delas, a disponibilidade para cuidar de nós. Assim me tornei catequista muito cedo.
Em 1983, o padre Emilio, SJ, que celebrava na minha paróquia, fez a proposta da espiritualidade ao nosso grupo de jovens. A sensibilidade dele e o nosso desejo de novas experiências abriram um mundo novo pra mim: era a oportunidade de entender melhor o Jesus que conheci na infância e agora se apresentava vivo, andando comigo… Era realmente um mundo novo, que dava consistência à minha fé. A partir dos conhecimentos da espiritualidade inaciana, da vida de Santo Inácio e das dinâmicas que Pe. Emilio e também Pe. Walter nos apresentavam junto com os noviços (não vou citar os nomes pra não esquecer ninguém), minha experiência de Deus vivo e ativo se tornava real, coerente mesmo, até diria uma razão para seguir.

Tive e tenho muitas experiências de Deus em minha vida e sou testemunha do quanto Ele age na vida daqueles que criaram essa percepção e um olhar atento para os acontecimentos da vida, nessa perspectiva de fé e da espiritualidade inaciana. Aprendi a usar o discernimento, a oração, o retiro, a leitura da Bíblia e todo o processo desse instrumento como balizador para a minha missão e caminhada do dia a dia e isso fez toda a diferença nas minhas tomadas de decisão, na minha postura diante da vida, nas minhas escolhas. Fazer parte da CVX (Comunidades de Vida Cristã) fortaleceu meu caminhar porque posso orar com pessoas que têm a mesma percepção que eu, e isso me ajuda a estar sempre com um apoio – sim, porque as aflições acontecem! No entanto, a fé no Deus que vive entre nós dá uma força extra, pois surgem anjos de todos os cantos, em diversas situações, para materializar a existência do Deus vivo em grandes e pequenas coisas, porque tudo é importante nessa nossa caminhada. É certo que estamos como companheiros de Jesus para dar continuidade à missão Dele, que agora também é nossa. E assim fazer o bem e o que o PAI ensinou: ser irmão dos irmãos, porque todos somos filhos do mesmo Pai. Isso nos enche de força e faz toda diferença no olhar os acontecimentos e a vida.
Hoje estou com 65 anos e uma vida repleta das experiências de Deus. Continuo na CVX, minha comunidade inicial chamava “Magis” e, em 1997, nos tornamos a comunidade Santíssima Trindade, quando abraçamos os nossos companheiros, membros de outras duas comunidades. Sou professora universitária, casada e com uma filha de 21 anos que também faz parte das maravilhas desse Deus amoroso e presente, porque ela chegou em minha vida aos meus 43 anos por uma gestação abençoada e acolhida com muita fé.
Assim, me sinto parte dessa construção do bem, onde Jesus se apresenta para nos orientar a ser configurado como o Deus que nos criou e continua cuidando de cada um, na sua medida.
Maria Madalena da Silva Frisch é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade Santíssima Trindade, Salvador (BA).
Imagem: Cesar G. Villela (1930-2020) — [Sem Título], óleo sobre tela
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
Como é bom perceber o cuidado de Deus na vida de quem se abre a ouvi-lo!
Muito obrigada por compartilhar, Madá!
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