Dom Tomás Balduíno
Simone Furquim Guimarães
A leitura de hoje é Jo 6,60-69. Jesus estava na sinagoga com seus discípulos. Havia feito um discurso sobre o significado da multiplicação dos pães e sobre o sentido do Pão da Vida (Jo 6,1-59). Após esse discurso muitos discípulos “voltaram atrás e não andaram mais com Jesus” (v.66).
Abandonaram o Seguimento de Jesus porque consideravam uma blasfêmia Jesus revelar uma identidade divina: “Eu sou o “pão vivo descido do Céu”. Eles disseram: “Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?” Jesus questiona-os: “Isto vos escandaliza?”. O significado da palavra “escândalo”, do grego, é “obstáculo”. O Seguimento de Jesus era um obstáculo para aqueles judeus, pois tirava-os da comodidade e conforto que aquela instituição religiosa oferecia.
E no contexto das comunidades cristãs, quem seguia Jesus era expulso das sinagogas, pois o Pão Vivo (Jesus) ensinava e vivia o projeto de Deus que não era aceito pelas autoridades da fé.
Os discípulos que abandonaram Jesus eram simpatizantes aos seus ensinamentos, mas não conseguiram avançar no Seguimento, por isso, abandonaram o caminho. Abandonaram o Caminho porque ainda tinham a mentalidade da religião da época, de uma teologia da retribuição, que prega a salvação em troca de onerosos dízimos. Esta é a limitação humana denunciada por Jesus: “viver segundo a carne”. Para eles, era duro ter que assumir a essência do Evangelho, que é de lutar por vida com dignidade para aqueles que estavam excluídos. Era mais fácil ficar circunscritos nas sinagogas e templos para orar e praticar os rituais.
O evangelista ensina que para ser discípulo deve seguir o Espírito. Jesus explica aos Doze que é o Espírito que vivifica. Ou seja, quem ouve e acolhe o Espírito de Deus, seguindo o sentido das coisas de Deus, seguindo o projeto proposto por Deus, que é de cuidar da criação, cuidar das pessoas, para que não haja pobres em nosso meio; esse sim, consegue entender a essência do Evangelho.
O programa de hoje é dedicado a fazer memória de Dom Tomás Balduíno (1922-2014), frade dominicano, foi bispo da cidade de Goiás e fundou a Comissão Pastoral da Terra (CPT); esteve verdadeiramente no Seguimento de Jesus. Dom Tomás não abandonou o Caminho; ele abraçou a fé, soube discernir os ensinamentos de Jesus; compreendeu o sentido do Pão Vivo e, por isso, esteve ao lado dos empobrecidos de nossa sociedade; lutou com coragem em defesa dos direitos dos pobres da terra, dos indígenas, dos quilombolas, lutou por justiça social durante toda sua missão. Ou seja, seguiu o projeto de Deus ensinado por Jesus Cristo.
Que tenhamos coragem de seguir Jesus Cristo e, assim como Pedro, como Dom Tomás, professamos nossa fé: “Senhor, Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus” (v.68).
Ouça no Podcast Ignatiana
Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatina.
Imagem
ATELIÊ 15
Instagram | Facebook | WhatsApp | Loja
Palavra de Deus Simone Furquim Guimarães Dom Tomás Balduíno Evangelho de João Tempo da Páscoa
Ignatiana Visualizar tudo →
IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.