O que lhe dói mais, meu Jesus?
Joana Eleuthério
Rezando a dor e a solidão de Jesus na cruz e nos crucificados
Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?
(Da dor sem limites e do grito eterno)
O que lhe dói mais, meu Jesus?
As lágrimas em Getsêmani ou as palavras pronunciadas no Gólgota,
na sua expressão mais humana do sofrimento acolhido em seu divino amor?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
A Alma, ao receber o beijo da traição seguido de tantos
insultos, zombarias e o total desprezo da multidão de Ramos?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
O corpo, por tantas agressões, violências e chicotadas,
pela coroa de espinhos enfiados em sua cabeça?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
O espírito, pelo vazio da intensa dor e solidão,
o grito de socorro sem reposta, no total abandono?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
A dignidade frente à humilhação, bofetadas, escárnio
durante a caminhada com tantas quedas sob o peso da Cruz?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
Ver Maria e as outras mulheres chorando impotentes frente
a deserção dos outros, sob o olhar e as lágrimas do Discípulo Amado?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
A garganta seca e o doloroso e eterno grito – Tenho sede!!!Tudo consumado. Entrego-lhe, Pai, o meu espírito.
O que lhe dói mais, meu Jesus?
Seu coração frente aos pequeninos, pobres, famintos:
tantos desprezados nas periferias do mundo atual?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
A vida se esvaindo sufocada pela falta de oxigênio em Manaus,
pela desprezível disputa política que também mata como vírus?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
O vírus da indiferença, exibindo-se nos mergulhos espetaculares,
passeios de moto, nas notícias falsas, sufocando mais do que a covid?
O que lhe dói mais, meu Jesus?
A ausência de fraternidade, solidariedade e amor
adoecendo a Terra, a criação e toda a humanidade?
O que lhe dói mais, meu Jesus?

O que lhe dói mais, meu Jesus?
Brasília, 18 de janeiro de 2021
Joana Eleuthério é graduada em Letras. Servidora pública aposentada da Secretaria de Estado de Economia do Distrito Federal – Escola de Governo do Distrito Federal (EGOV).
Inaciana, avó e mãe, caminha pelas estradas de Jesus, de Santo Inácio e de Santa Teresa de Ávila, por onde tem se inserido na Comunidade do Centro Cultural Brasília (CCB/Jesuítas). Muito grata pela caminhada realizada até aqui.
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Caminhante sem nenhuma linearidade e com variados interesses – uma buscadora incansável.