Dia Internacional da Mulher
Simone Furquim Guimarães
Quando celebramos o dia internacional da mulher, fazemos memória a luta histórica daquelas que se uniram coletivamente e pensaram estratégias com vistas a conquistar a dignidade, direitos trabalhistas, civis e de igualdade entre homens e mulheres.
Para nós, cristãos e cristãs, é momento de trazer a memória as mulheres da Bíblia. Muitas vezes lemos as histórias bíblicas que exaltam as proezas dos homens e não valorizamos as mulheres que são relatadas nos textos bíblicos.
Pensando num coletivo de mulheres que se organizam para lutar por justiça, lembremos, por exemplo, das parteiras que salvaram a vida de Moisés, grande líder do povo de Deus.
Esse relato está logo no início do livro do Êxodo. O rei do Egito, vendo que o povo de Israel crescia, dá ordens para as parteiras, ao ajudarem as mulheres dos hebreus darem à luz, devem matar os meninos.
É importante lembrar que as parteiras ousam enfrentar o rei e não o obedeceram. Elas se uniram para driblar o Faraó e garantiram a vida dos meninos. Não sabemos o que aconteceu com elas, mas sabemos que a coragem, a fé e a resistência delas são luzes para nosso caminhar.
As parteiras são exemplo da teimosia e da resistência dos pequenos, que na aparente fragilidade, mas com muita sabedoria e união, e na certeza de que Deus está com elas, enfrentam o poder opressor do império.
O movimento destas mulheres na defesa da vida remete-me aos coletivos de mulheres que se organizam para lutar contra os opressores que desmontam os direitos e a dignidade de vida dos mais pobres e frágeis nos dias atuais. Essas mulheres são nossas parteiras, no sentido de quem busca garantir a vida e por isso cria e recria laços e elos de solidariedade.
Desde o dia 5 de março de 2020, Mulheres sem terra de acampamentos e assentamentos em 24 estados participam de debates e formações sobre vários temas, como a produção agroecológica, produção de alimentos saudáveis, enfrentamento à violência, autonomia econômica das mulheres e resistência nos territórios.
E no dia 8 de março de 2020, todas elas vão se reunir em Brasília e em vários lugares para uma marcha em defesa da “Vida das Mulheres, Contra o racismo, o machismo e o fascismo”.
Que o Deus das parteiras que garante a vida com dignidade, conceda a todas nós mulheres a audácia e a coragem de lutar pela justiça.

Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatina.
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