Oitava de Natal
Retiro do Advento e Natal 2021
Introdução
Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.
Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!
Proposta de oração
26.12 – Domingo da Sagrada Família
Leio o texto de Lucas 2, 41-52
Estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.
Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh, se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.
Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.
A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou de que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja…
A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção. Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!
Textos para a semana
27.12 – Segunda-Feira — São João, apóstolo e evangelista
Texto: João 20, 2-8
Então, entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.
Embora Jesus tivesse anunciado várias vezes a seus discípulos que ressuscitaria três dias após sua morte, nenhum dos três, Santa Madalena, São João Evangelista e São Pedro, recordavam-se disso. A morte de Jesus tinha acabado com suas expectativas de que Ele fundaria um Reino terreno, como todos os judeus esperavam. Como os dois discípulos que voltavam desiludidos para Emaús e disseram para um forasteiro (que era Jesus Ressuscitado), a respeito do Mestre que, “Nós esperávamos que fosse ele quem haveria de restaurar Israel e agora, além de tudo isso, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam” (Lc 24, 21), os três achavam que estava tudo acabado. Com medo dos judeus, os dois discípulos voltaram a juntar-se aos apóstolos que estavam reunidos no Cenáculo. Após Jesus ter aparecido a Maria Madalena, apareceu também os apóstolos, pondo se no meio deles, Jesus inaugurou, então, um novo tipo de presença: invisível, mas real. Acreditemos que Ele é o nosso companheiro de jornada.
28.12 – Terça-Feira — Santos Inocentes
Texto: João 2, 13-18
Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito.
Quando os Reis Magos foram a Jerusalém saber das autoridades onde havia nascido o Messias, pois eles, tendo visto sua estrela no Oriente, tinham vindo adorá-lo, Herodes, rei da Judeia, levou um susto. O rei era somente ele e, se havia um novo rei, era preciso eliminá-lo. Anotou o autor que, a essa notícia, Herodes ficou perturbado, e toda Jerusalém com ele: “Herodes, … enviando-os a Belém, disse: Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo”. A ambição nos cega e pode-nos levar a extremos criminosos, pois, quando Herodes viu que tinha sido enganado pelos magos, mandou massacrar todos os meninos de dois anos para baixo.
29.12 – Quarta-Feira
Texto: Lucas 2, 22-35
Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz…
As palavras que Simeão proferiu, inspiradas pelo Divino Espírito Santo, quando tomou o Menino Jesus nos braços, são tão cheias de fé e comoventes que a Sagrada Liturgia as colocou nas Completas, ou Oração da Noite, do Ofício Divino. Diz o texto sagrado que “Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Esse homem, justo e piedoso, esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Fora-lhe revelado pelo Espírito Santo que não morreria sem primeiro ver o Cristo do Senhor”. Nós temos a imensa graça de Deus de podermos receber o seu Filho unigênito em forma de alimento. Simeão, assim que recebeu Jesus em seus braços, proferiu esta oração: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação que preparastes diante de todos os povos, como luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo de Israel”.
30.12 – Quinta-Feira
Texto: Lucas 2, 36-40
O menino ia crescendo e se fortificava…
Meditamos sobre as belas palavras, cheias de fé, proferidas por Simeão quando recebeu o Menino Jesus em seus braços. Tanto ele como a profetisa Ana, uma mulher que, não obstante seus 84 anos, não se afastava do Templo, presenciaram a chegada do Menino Jesus, trazido por seus pais, Maria e José. Tinham vindo de sua longínqua terra até Jerusalém para apresentar seu Filho ao Senhor, conforme estava escrito na Lei: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Após essa entrega, o Menino passava a ser do Senhor. Para resgatá-lo, ofereceram a Deus um par de pombinhos – porque eram pobres -, dando-o em sacrifício, para poderem receber a criança de volta. Ana, maravilhada por ter podido ver o Messias, falava d’Ele a todas as pessoas que também o esperavam para libertá-los das cadeias do pecado. E nós, que às vezes moramos tão perto de uma igreja ou capela, que esforço fazemos para visitar Jesus, que cremos estar presente no Sacrário, tão vivo como está no Céu?
31.12 – Sexta-Feira
Texto: João 1, 1-18
A luz resplandece nas trevas…
Neste último dia do ano civil, repassemos as palavras tão cheias de significado sobre o nascimento de Jesus, há poucos dias: “Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito”. Essas palavras, relativas à Criação do mundo, continuam valendo para o Ano Novo. Tudo é feito por Jesus, e nada podemos fazer de bom sem Ele. Todo bem vem de Deus, e nós somos só instrumentos d’Ele para tudo que fazemos, menos o pecado. Agradeçamos a Deus pelas graças que nos concedeu neste ano que termina e continuemos humildes para dizermos a quem nos elogia que, se temos alguma qualidade, ela vem do Senhor. Ele é a luz e vida. Portanto, se resvalarmos e cairmos nas trevas do pecado, voltemos arrependidos para seus braços, misericordiosos a fim de sermos perdoados. Ele virá a nos, presente nas pessoas que se aproximarem. Oxalá Ele não possa dizer de nós: “Os seus não o receberam”.
1º.01 – Sábado
Uma boa repetição da semana, ou Lucas 2, 16-21
Maria conservava todas essas palavra, meditando-as no seu coração.
Ao meditarmos sobre o nascimento de Jesus, chama-nos a atenção a pressa dos pastores em acolher a notícia que lhes tinha sido dada por um anjo: Não temais, eis que vos anuncio uma Boa nova que será alegria para todo o povo: hoje nasceu na cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura (Lc 2, 10-12). Eles decidiram ir imediatamente até Belém para ver o que tinha acontecido. Essa decisão é graça de Deus e consequência da boa vontade daqueles homens de irem até a gruta onde estavam o Menino Jesus, Nossa Senhora e São José. Poderiam ter se desculpado de não irem porque tinham de fica juntos às ovelhas, porque não tinham o que lhe oferecer, etc. Mas não: decidiram-se e foram. Acolhamos, também nós, a voz do Espírito Santo e, quando ele nos mostrar nosso dever, peçamos que nos dê sua força, para nos decidirmos a fazê-lo o quanto antes. O “deixar para depois” pode ser sinônimo de “nunca”.
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Material produzido pelo Pe. Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ
