COP30 e as soluções que necessitamos
Luiz Fernando Krieger Merico
Mística do século XXI — programa nº52
Reflexões a partir das encíclicas
Laudato si’ e Fratelli tutti
Conferência das Partes. É assim que se denominam as reuniões dos países que fazem parte de uma convenção internacional. A Convenção das Mudanças Climáticas, com quase 200 países, ou partes, já se reunirá pela trigésima vez. Será a COP30 e ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025 na cidade de Belém do Pará, no Brasil. Esta convenção nasceu na conferência global de 1992 no Rio de Janeiro e em 2015 alcançou um acordo interno chamado Acordo de Paris, com as metas e metodologias para reduzir as emissões de gases, principalmente a emissão de carbono, que mudam o clima do planeta.
Hoje se busca uma implementação ambiciosa do Acordo de Paris em favor das pessoas e do planeta. A Igreja também faz este chamado para que vivamos uma “conversão ecológica”, conforme a encíclica Laudati Si’ do Papa Francisco.
Frente à necessidade de limitar o aquecimento global a 1,5°C, para evitar consequências catastróficas, a Igreja eleva uma voz profética que clama por paz a partir de uma conversão ecológica que transforme a economia atual. Na COP30, a Igreja exige dos Estados uma ação transformadora fundamentada na dignidade humana, no bem comum, na solidariedade e na justiça social, priorizando os mais vulneráveis, incluindo a nossa Mãe Terra. A ação imediata é essencial para evitar impactos irreversíveis nos sistemas climáticos e naturais. A crise climática é também uma crise de valores. As soluções devem unir justiça, ecologia, direitos da natureza e dignidade humana, elementos fundamentais da ecologia integral e da construção da paz.
As soluções estão todas ao nosso alcance. Temos que produzir um sentido de urgência junto aos governos para agir profundamente e já. Quais são estas soluções?
Necessitamos que os países ricos reconheçam e assumam sua dívida social e ecológica, como principais responsáveis históricos pela extração de recursos naturais e pela emissão de gases de efeito estufa; e se comprometam com um financiamento climático justo, acessível e eficaz, que não gere mais dívidas, para reparar perdas e danos e fortalecer a resiliência global. Necessitamos que o desmatamento irregular e criminoso, desapareça. Temos que alcançar o desmatamento zero em todos os biomas até 2030, como compromisso urgente frente à crise climática. A redução das queimadas, uma consequência da fragilização dos ecossistemas, também tem que ser combatido vigorosamente.
Necessitamos eliminar progressivamente e rapidamente o uso de petróleo, carvão e gás, os combustíveis fósseis, e incentivar as fontes limpas e renováveis, que já são mais baratas e eficientes. Não há mais motivos para adiar este objetivo. A não ser o enriquecimento próprio das petrolíferas, seus donos e investidores. Os estados devem implementar metas mais ambiciosas e implementar decisões coletivas tomadas em COPs anteriores, incluindo uma transição energética socialmente justa.
Necessitamos a proteção dos povos e comunidades locais vulneráveis à mudança climática e ameaçados por conflitos socioambientais, reconhecendo seu papel central na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade. Enfim, precisamos de políticas alinhadas com os limites planetários: redução de consumo dos mais ricos, metas de decrescimento e transição para modelos econômicos mais circulares, solidários, restauradores e regenerativos. Já está mais que provado que estas transições geram mais emprego e renda e protegem nossa base de recursos naturais.
Tudo isto é possível e esperamos que a COP30 possa nos colocar no rumo da adoção destas soluções. A Igreja, em sua missão profética, não cessa de erguer a voz contra as injustiças ecológicas e sociais. Como diz o Papa Leão XIV: devemos enfrentar “as feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelos preconceitos, pelo medo da diferença e por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”.
Ouça no Podcast Ignatiana [link]
Encíclicas ecofraternais do Papa Francisco
Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum (2015)
Fratelli tutti, sobre a fraternidade e a amizade social (2020)
Luiz Fernando Krieger Merico é graduado em Geologia (UFPR), mestre em Análise Ambiental (UNESP), doutor em Geografia (USP), possui aperfeiçoamento no Schumacher College (Inglaterra) em Economia Ecológica. É autor do livro Mística do século XXI: Guia de Oração com as encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti (e-book).
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

