Maria Madalena, a Apóstola dos apóstolos

Simone Furquim Guimarães

A liturgia da igreja celebra nesta semana a Oitava da Páscoa, período de reflexão sobre a fé na Ressurreição de Cristo e a firmeza na missão de continuar anunciando a Boa Notícia!

Nesta semana, também vivemos a Páscoa de nosso querido Papa Francisco. E sua missão será lembrada fortemente como servo bom e fiel ao Evangelho, fiel ao Concílio Vaticano II, um homem de coração cheio de amor e de compaixão, que serviu não somente a Igreja Católica, mas a humanidade, pois todas as pessoas povoaram seu coração.

A leitura de hoje, Mc 16,9-15 inicia dizendo que Maria Madalena foi a primeira a ver o Cristo ressuscitado e a primeira apóstola (enviada) a anunciar o Querigma: Jesus Ressuscitou! Papa Francisco compreendeu muito bem a importância do protagonismo da mulher na história da salvação cristã: ele resgata e eleva o título de Maria Madalena como a Apóstola para os apóstolos.

Este gesto de Francisco é revolucionário para a igreja, pois, infelizmente, ao longo da história, alguns grupos cristãos silenciaram e apagaram o protagonismo das mulheres. No final do primeiro século, havia cristãos que não aceitavam a liderança de mulheres nas comunidades. Nas cartas deuteropaulinas, como as cartas a Timóteo e Tito, as mulheres são consideradas pecadoras porque alegavam que Eva foi quem introduziu o pecado no mundo e por isso, as mulheres devem ser silenciadas, perderam a liderança na igreja (cf. 1Tm 2,12-15).

Maria Madalena que era considerada pelos primeiros cristãos como uma grande mestra e liderança: Apóstola dos apóstolos, a partir do século IV, passou a ser falsamente conhecida como prostituta e pecadora redimida, mesmo que não exista nenhum texto bíblico afirmando tal difamação contra ela.

Uma lembrança que todas as mulheres e homens de boa vontade irão recordar de nosso Papa Francisco, foi ter reconhecido a injustiça que foi feita contra Maria Madalena. O santo padre pediu perdão em nome da igreja e institui o dia 22 de julho em sua memória e homenagem. Este gesto de Francisco torna-se revolucionário para a instituição católica, pois inicia-se um rompimento do patriarcado na igreja e que faz eco em toda a sociedade.

Importante falar sobre isso porque, infelizmente, nossa sociedade cristã foi pautada na diferenciação de papeis sociais entre homens e mulheres. Interpretações bíblicas que são violentas contra as mulheres são responsáveis por causar violências domésticas e sociais.

Anunciar o Cristo Ressuscitado é mudar nosso olhar sobre as relações sociais entre homens e mulheres. Recordemos a voz de nosso pastor Francisco, sempre foi sensível às várias violências contra as mulheres: “que a dignidade e os direitos humanos das mulheres sejam garantidos”; “rezemos juntos para que a dignidade e a riqueza das mulheres sejam reconhecidas em todas as culturas, e para que cesse a discriminação que sofrem”. Amém!


Ouça no Podcast Ignatiana [link]

Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).


Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

Ano C — Sábado da Oitava da Páscoa

Palavra de Deus Simone Furquim Guimarães

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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

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