Simone Furquim Guimarães

A leitura do Evangelho hoje é Mt 5,43-48. Na perspectiva da comunidade de Mateus, Jesus, assim como Moisés, está no alto da montanha, pregando sobre a Nova Justiça do Reino dos Céus. Do capítulo 5 ao 7, ele proclamará leis para restabelecer o projeto de Deus que infelizmente fora interpretado de forma fundamentalista pelos líderes religiosos do seu tempo e que acabaram promovendo exclusões, perseguições e até em mortes de muitos fiéis.

Jesus exorta algo que, a princípio, parece impossível para o ser humano: ele pede para que sejamos perfeitos; e pede para amar e orar pelos nossos inimigos. Jesus está apresentando a perfeição que acontece no Reino dos Céus. E é a partir desta apresentação que devemos orientar nossa vida para promoção da amizade social e da paz, de uma sociedade civilizada e democrática. 

É a partir desta apresentação que nos ensina Mateus, que podemos orientar a nossa vida em sociedade hoje.

Hoje, estamos rogando para cessar as violências e os discursos de ódio; buscamos a paz, a amizade social, buscamos a civilização do amor, como ensinado por Jesus. E o que Jesus ensinou para a construção da civilização do amor? Jesus reformulou o mandamento do amor. Se o mandamento antigo exortava para “Amarás o nosso próximo”, cf. Lv 19,18; Jesus proclama agora o amor inclusive aos inimigos. Isto para que aconteça a Boa Nova do Reino: “Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem” (cf. Mt 5,44).

Amar, inclusive nossos inimigos, nos torna perfeitos no sentido de sermos íntegros. Esta é a ideia. Por isso, a exigência: “sede perfeitos como meu Pai é perfeito” (cf. Mt 5,48). Ser perfeito é viver na integridade, na íntima comunhão com Deus. Quem vive assim é capaz de suplantar o ódio e a vingança; pois o ódio não é de Deus. Deus liberta e o ódio escraviza. O perdão muda a dinâmica da vida, torna as relações humanas possíveis, converte o pecador, rompe o ciclo da violência na sociedade, pois extingue o mecanismo da punição que é fruto da vingança.

A Campanha da Fraternidade deste ano orienta-nos a promoção de uma ecologia integral. Ou seja, cientes de que somos parte desta criação divina, devemos amar, cuidando tanto da nossa Casa Comum, como dos seres que nela habita, sobretudo os seres humanos. Assim, vamos rompendo a barreira do preconceito e do ódio. É um exercício que podemos começar neste período quaresmal para alcançar o que todos nós desejamos: viver sem violência! Amém!

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Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).

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Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

Ano C — Sábado. 1ª Semana da Quaresma

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