Sexta-feira da 7ª Semana da Páscoa

Retiro Pascal 2024

17 de maio de 2024

AAtos dos Apóstolos 25,13b-21
Salmo 102 (103),1-2.11-12.19-20ab (R. 19a) “O Senhor pôs o seu trono lá nos céus.”
João 21,15-19 “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.”

Pedido da graça

Senhor, neste tempo pascal, peço-te a graça de conhecer e sentir o amor de Jesus por mim, que me quer como seu amigo e seguidor.

Pistas para a oração

Ao nos aproximarmos do fim desse tempo pascal, o Evangelho nos propõe um episódio da intimidade de Jesus com um discípulo. Após a refeição, num momento de partilha da vida, Jesus pergunta a Pedro sobre o amor por Ele.

Pedro sente-se desejado por Jesus que quer o seu amor. O coração do discípulo alegra-se porque Jesus se importa em saber onde e como está o seu afeto. “Onde está o teu tesouro, aí está o seu coração” (Mt 6,21). Pedro quer rasgar o peito e revelar a Jesus qual o amor maior que o habita. A entrega de Pedro é profunda e genuína. Ele quer dar conta da relação amorosa que tem com Jesus, isto é, do seu discipulado. Jesus parece não duvidar desse amor, mesmo assim, o investiga para levar Pedro a perceber o real alcance desse amor. Até que ponto ele ama?

O discípulo pode dizer “amar” a Jesus porque compreende que é o certo a fazer, como que por um preceito religioso, ou porque foi educado na fé a respeitar e honrar o Seu Santo Nome, ou ainda porque lhe parece certo, bom e correto o proceder proposto por Jesus. Em alguns desses casos, a pessoa pode até conceber que recusar-se a professar um amor a Jesus seria um “pecado condenável”.

Ninguém ama simplesmente por obrigação, costume familiar, condicionamento social ou medo de condenação. Nessa lógica, não haveria a liberdade, condição sem a qual não pode haver amor verdadeiro.

Liberto de todo medo de castigo divino, cada um deve descobrir-se amante de Jesus por razões mais profundas do que mero respeito religioso. Jesus não é um sistema de ideias santas, Jesus é uma pessoa com quem nos relacionamos na fé. O discípulo abre-se à atração que Jesus exerce sobre si e dá-se a Ele, em seguimento. Como ensina Santo Inácio de Loyola, o discípulo ama pelo desejo de seguir e fazer companhia a Nosso Senhor.

A “prova de amor” que Jesus pede a Pedro, portanto, é, na verdade, uma ajuda para que o discípulo perceba como está a sua liberdade para viver um seguimento que é exigente.

Um ‘amor capenga’ pode vacilar quando o discipulado for “provado” pela vida. Apesar da frustração do discípulo que percebe o limite da entrega humana ao amor divino (Jo 17,21), ele segue amando em sua finitude e com suas limitações. No discípulo, pelo dom do Espírito derramando, o Amor Divino age e supre nele o amor que o falta.

Na oração:

– Como eu me sinto ao ouvir Jesus me perguntar: “Você me ama?” Qual é a minha resposta sincera?

– O que significa para mim amar a Jesus? É uma questão de sentimento, de razão, de vontade, de fé, de ação?

– Como eu vivo o meu discipulado de Jesus? Eu o sigo livremente, por amor, ou por medo, por obrigação, por conveniência?

– Como eu me relaciono com Jesus na oração? Eu busco conhecê-lo melhor, conversar com ele, escutar a sua voz, fazer a sua vontade?

– Como eu acolho o dom do Espírito Santo na minha vida? Eu me deixo conduzir por ele, ou resisto à sua ação?

– Como eu participo da missão de Jesus no mundo? Eu me comprometo com as causas que ele defendeu, como a justiça, a paz, a solidariedade, o cuidado com os pobres e os excluídos?

– Como eu enfrento as dificuldades, as tentações, as provações que surgem no meu caminho de seguimento de Jesus? Eu confio na sua presença, na sua força, na sua graça, ou me desanimo, me desvio, me afasto dele?

Colóquio em poesia – para mais saborear esse encontro…

Tu queres elevar minha humanidade
à dignidade do Teu Céu
Após rezar por mim
para que minha fé não sucumba
diante das minhas crises
para que minha unificação prevaleça
sobre minhas divisões
para que meu testemunho ecoe mais
que minhas hesitações e negações
Tu me propões um acesso
ao coração da Aliança
entre Ti e Teu Pai
Como posso entrar nesta
eterna Dança da Vida?
Amarei sempre um pouco mais
Seguirei Teus passos a cada dia
Serei enviado aos outros
sem fixar os olhos em mim
mas sustentando-me em Teu Olhar
curativo e cheio de confiança
Sim
Senhor da Amizade Restaurada
Tu sabes tudo e
conheces meus sonhos e limites
Teu Espírito é um Dom sempre presente
para que eu aprenda a ser
dom para os outros
Ajuda-me a amar-Te
e a servir-Te
em Teu santo pastoreio
até o fim

Francys Silvestrini Adão SJ


Retiro Pascal

Ignatiana Visualizar tudo →

IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

Deixe um comentário