Busquemos a vida

Simone Furquim Guimarães

A leitura do Evangelho hoje é Mc 16,1-7. Conta-nos que Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e Salomé vão ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus, mas o corpo já não está mais lá. Elas viram um jovem vestido com uma túnica branca e ficaram cheias de espanto (com medo). O jovem as anima: Não tenham medo, Jesus ressuscitou!  Vai e anunciem!

Este Evangelho nos informa que as mulheres foram as primeiras apóstolas a anunciar o querigma que até hoje reúne todos os cristãos e cristãs: a Ressurreição de Jesus Cristo! O protagonismo feminino foi fundamental para manter os ensinamentos de Jesus até os dias de hoje.

E precisamos perceber que a atitude dessas mulheres não foi fácil, pois naquele tempo os/as seguidores/ras de Jesus foram duramente perseguidos. Uma palavra que marca todo o Evangelho de Marcos é o “medo”, pois o Evangelho é vivido e escrito no período da guerra judaica romana, da dizimação da maior parte dos judeus pelo império romano. O Evangelho é marcado pelo medo da morte.

Hoje, infelizmente, o medo ainda marca o nosso viver. Por exemplo, ao fazer memória da Paixão e Morte de Jesus, a partir das mulheres que acompanharam a sua “via sacra” e não puderam cuidar e velar seu corpo; também é fazer memória do sofrimento de tantas vítimas dessa guerra insana entre Rússia e Ucrânia e entre o governo de Israel e o Hamas. Quantas mulheres aflitas e em sofrimento por não poder nem mesmo velar por seus entes queridos.

Mas, diante dos sofrimentos que assistimos ou vivemos, quais os sinais de esperança que nos anima e conforta hoje?

O Evangelho de Marcos faz memória desta via sacra, não para desanimar, mas para afirmar que a morte não é o fim último: “Não tenham medo. Ele ressuscitou!”. Veja que Morte e Ressurreição são acontecimentos muito interligados, que se encaixam um no outro, conforme nos ensina os quatro Evangelhos.

Portanto, não obstante às inúmeras violências que causam morte; ressuscita também, em vários lugares, mudanças no pensar e no agir. Por exemplo, mesmo diante dos preconceitos por grupos fundamentalistas contrários à Campanha da Fraternidade realizada pela Igreja Católica aqui no Brasil; mesmo assim, esforços foram feitos nesta quaresma, para despertar em nós a importância da amizade social, de sermos um povo mais fraterno e responsável no cuidado com o outro.

Neste sábado Santo, que é a expectativa da vida, da ressurreição, recordemos que a morte não é a última palavra de Deus para o ser humano, a última palavra é vida e vida em abundância. Então, busquemos a vida, busquemos o amor, a fraternidade que nos faz viver com dignidade!

Feliz Páscoa para todos e todas!


Ouça no Podcast Ignatiana [link]

Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).


Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

Sábado santo, ano B

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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

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