Fabiana de Oliveira Santos

Primeiramente, compartilho que fui convidada por uma amiga para fazer um retiro em Itaici e o fiz em 2018. Estava de férias e voltando de uma viagem de visita aos meus avós na Bahia. Cheguei numa quinta-feira e olhei o folder de Itaici e vi que seria a peregrinação de Santo Inácio liguei lá e havia uma vaga! Fiz a inscrição e lá fui eu!

Na sexta, fizemos a introdução ao retiro e no sábado fomos à missa em Campinas e de lá voltamos a pé até o Mosteiro. Eu não tinha a consciência do tão longa para mim era aquela caminhada!

No trajeto pude conhecer pessoas que compartilharam histórias de vida. Enfim, uma experiência incrível! Cheguei na última turma caminhando com um cajado que me ofereceram no caminho, muito grata a Deus por ter conseguido cumprir a missão!

Fiquei tão encantada pela espiritualidade inaciana que quis ter um diretor espiritual e como já frequentava o Pateo do Collegio fui acolhida pelo Ilustre e Amado Padre Fidel que a cada partilha me encantava com a sua grande sabedoria pessoal e em Deus e pude aprender mais sobre o discernimento inaciano.

E, então, comecei a caminhada na espiritualidade inaciana. Fiz os quatro EEL´s e no penúltimo conheci a Marli que me convidou para fazer parte de uma CVX que se iniciava – CVX Manresa – começamos os encontros presenciais na Paróquia São Luiz Gonzaga e logo veio a pandemia e passamos a nos encontrar de forma virtual.

Concluindo essa introdução, posso dizer que aprender a rezar como Santo Inácio, ou seja, o Deus no dia a dia me fez crescer e entender que Deus está do meu lado em todos os momentos e que ele não é um Deus de contemplação distante, mas perto e que se deixa encontrar quando estamos abertos a rezar.

Essa caminhada me trouxe amigos e uma família que é a Comunidade CVX que estou conhecendo e descobrindo o quanto é gratificante nos encontrarmos e nos conhecermos e sentirmos que somos irmãos em razão da fé que nos une.

Fiz o último retiro da Criação conduzido pelo Padre Adroaldo e a reflexão sobre a terra me encantou. Refletir que Deus em seu infinito amor nos deu o planeta terra para cuidarmos fez com que eu descobrisse que Deus cuidou de cada detalhe para que pudéssemos viver no planeta terra, e, em razão disso, me senti infinitamente amada por ele.

Refleti sobre o cuidado de Deus na criação da terra, do ar, do mar, das plantas, das flores, do sol e da lua, dos animais, dos frutos e percebi o quanto é imensurável o amor de Deus pela humanidade, ou seja, até no nosso alimento Deus pensou! E temos tanta coisa boa! Só de pensar que o arroz e o feijão (nosso prato tão brasileiro) vêm da nossa terra é para se louvar a Deus eternamente!

O amor de Deus é a razão fundamental de toda a criação:
“Tu amas tudo quanto existe e não detestas nada do que fizeste;
pois, se odiasses alguma coisa, não a terias criado”.[1]

Sb 11, 24

Da análise do trecho acima pude lembrar da cadeia alimentar que aprendemos logo nos primeiros anos escolares. E, o quanto ela é importante, para a continuidade da vida, haja vista que cada criatura foi criada e pensada com carinho por Deus, para que o homem pudesse dela usufruir, mas não de maneira irresponsável e egoística tão qual vemos hoje.

É muito triste termos a ciência que o homem interferiu demais nesta cadeia causando danos irreparáveis ao meio ambiente, como somos testemunhas hoje do desmatamento imoderado que visa o lucro de alguns, da extinção de algumas espécies de animais em razão de sua caça indevida; da utilização demasiada de agrotóxicos nos alimentos, enfim várias interferências indevidas e irresponsáveis com a criação de Deus ameaçando assim a qualidade de vida das futuras gerações.

“… entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8,22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn. 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta: o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos.”[2]

Somos 70% composto de água, precisamos do ar e de tudo que a mãe Terra nos oferece e sabemos que ela é produtiva para todos e possui a capacidade de alimentar toda a humanidade não fosse o capitalismo selvagem em que vivemos. Penso que todos somos responsáveis pelas dores do parto que causamos ao planeta Terra. E, como ajudar a melhorar essa situação? Para a resposta é necessário a colaboração de todos. Temos que pensar na diminuição do consumismo, na reciclagem, em alternativas de diminuição da poluição. Enfim, no respeito e carinho a Terra que Deus nos deu com tanto amor.

A reflexão sobre o cuidado com a terra também me levou a pensar sobre o ensinamento de Santo Inácio – “Fomos criados para louvar, reverenciar e servir a Deus.” E sinto que o cuidado com a terra comum é uma maneira de reverenciar a Deus.

Vi o seguinte texto na praia de Camburi – São Sebastião:

Escolhi o título – Vós sois o sal da Terra – porque para mim essa frase me traz responsabilidade. Assim, que da admiração e contemplação da natureza possa crescer em nós a gratidão a Deus por tanto e o senso de responsabilidade que é realizado por meio do cuidado que devemos ter com a casa comum.

Cântico de São Francisco de Assis

Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as tuas criaturas,
especialmente o meu senhor irmão sol,
o qual faz o dia e por ele nos alumia.
E ele é belo e radiante com grande esplendor:
de Ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.

Louvado sejas, meu Senhor,
pela irmã lua e pelas estrelas,
que no céu formaste claras, preciosas e belas.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
Pelo ar, pela nuvem, pelo sereno, e todo o tempo,
como o qual, às tuas criaturas, dás o sustento.

Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água,
que é tão útil e humilde, e preciosa e casta.

Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo,
pelo qual iluminas a noite:
ele é belo e alegre, vigoroso e forte. [3]                                           

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Notas:

[1] São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2015. Carta Encíclica Laudato Si`.  Sobre o cuidado da casa comum. pg. 51.

[2] São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2015. Carta Encíclica Laudato Si`.  Sobre o cuidado da casa comum. pg. 9.

[3] São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2015. Carta Encíclica Laudato Si`.  Sobre o cuidado da casa comum. pg. 57.

Bibliografia
São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2015. Carta Encíclica Laudato Si`.  Sobre o cuidado da casa comum.  

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Fabiana de Oliveira Santos é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), CVX Manresa, São Paulo (SP).

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Imagens: edição do blog

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