Nas escadas da Paróquia
Fernando Cyrino
Deus está sempre me falando a partir daquilo que experimento no dia a dia. O problema é que no meu caso sou lento, bem custoso mesmo, para perceber os “toques” que o Senhor está me dando. Toques às vezes sutis e em outras circunstâncias, como nessa que irei lhes contar agora, de uma maneira claríssima. De um lado Deus em sua total evidência e eu do outro no meu completo desentendimento. É que, mesmo sendo algo tão óbvio de se reparar, custei demais a perceber o chamado do Senhor: “presta atenção por aonde vai andando, Fernando”, Ele estava me dizendo.
Tinha sido convidado para falar com os jovens da nossa paróquia num domingo de tarde. Fui, dei meu recado para eles e ia saindo do salão onde havíamos nos reunido, que fica no segundo andar do prédio anexo à Igreja Matriz. Bem, fui descer as escadas e tive que ir pedindo licença. Um tanto de gente sentada nas largas escadarias. Gente, assistindo jogo de futebol no celular, gente batendo papo, gente lendo… até mulheres fazendo tricô havia por lá… Aí me toquei que era hora da Catequese e que aquela turma das escadas, e que se espalhava além, postada também na cantina e nos jardins, estava por lá aguardando os filhos.
Puxa, perdi de vista o número de vezes em que tinha visto a cena. Trata-se de algo que acontece há anos, mas aquilo praticamente nada me dizia. O único movimento interno que me provocava era: será que eles vão também à missa com seus filhos quando terminar o encontro do Catecismo? Pois é, mas naquele domingo foi bem diferente. Veio-me de supetão a questão: por que estão aí sem nada para fazer? Por que a gente não aproveita melhor o tempo dessa turma de pais? Fui embora com essa pergunta me martelando a cabeça e, a cada dia, ela me vinha mais forte. Rezei-a e conversei sobre aquele meu sentimento com as comunidades CVX Fé e Vida e Senhora do Caminho, que acompanho na Paróquia. Pois não é que houve muita ressonância? Vários dos membros também ficavam incomodados com aquela cena de pais esperando seus filhos.

Aí a oração já não era só minha ficou mais ampliada e, portanto, mais rica…
Daí que fizemos um grupinho, que se mantém até hoje, no WhatsApp. O título dele é “Pais da Catequese: Dá para fazer algo com eles?”. Aí a oração já não era só minha ficou mais ampliada e, portanto, mais rica, pois já éramos cinco no grupo a rezar. Ponderamos os prós e os contras, avaliamos nossas possibilidades, esbarramos nas nossas agendas já tão complexas: “mais uma coisa a fazer…” conversamos com as catequistas e ficamos sabendo que naquelas horas ofereciam para eles um terço na Gruta de Nossa Senhora de Fátima nos jardins, mas que praticamente nenhum pai ou mãe aderia. Fato é que, pela consolação experimentada, ficava evidente, a cada dia, que Deus nos queria fazendo algo com aquela turma de pais. Daí que resolvemos montar um plano de trabalho e o apresentamos para a Coordenação da Catequese. O plano previa começarmos não falando de Deus. Então, aprovado o projeto, convidamos os pais, através dos seus filhos, para um encontro para tratar do sentido da vida. Eles gostaram e 3 semanas depois tivemos um segundo encontro no qual a gente tratou do Diálogo.
Aí vimos que havia espaço para avançar para águas mais profundas e o nome de Deus, até então implícito nos nossos diálogos, se tornou claro e evidente no terceiro e no quarto encontros. No terceiro tratamos das imagens falsas que criamos de Deus e no quarto, acontecido nesse último domingo, refletimos nas imagens de Deus que encontramos em Jesus (“Quem me vê, vê o Pai; Eu e o Pai somos um”). A gente dá a formação a cada 3 semanas e até agora, estamos conseguindo uma participação bem boa. Tivemos 59 pais nesse quarto encontro. É interessante observar com vocês que se trata de algo que está nos gerando muita consolação, o que significa que se trata realmente de coisa de Deus. Rezemos, e contamos com as orações de vocês para que nós e os pais perseverem.
A M D G
Fernando Cyrino é leigo pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), Comunidade Nossa Senhora da Luz, Rio de Janeiro (RJ).
Imagem em destaque: Lígia de Medeiros. Vasos Comunicantes, gravura 30 x 30 em caixa de acrílico.
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

Também sou lenta para entender os inúmeros sinais que Deus nos dá sempre!
Obrigada por contar como respondeu e como a comunidade está participando da proposta.
Verdadeiramente, Deus é bom!
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Fiquei muito feliz com a proposta do Fernando levada para minha Comunidade CVX Fé e Vida São Francisco Xavier- Niterói.
Rezei e tive a confirmação que Deus estava me chamando para a missão. Seguimos com a confiança que O Senhor caminha conosco.
“Em tudo Amar e Servir”
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