Murilo Fernando Vieira

Sou Murilo Fernando Junkes Vieira, 32 anos, marido da Alessandra Zanin, professor de Educação Física. Entrei na CVX (Comunidade de Vida Cristã) em 2006, hoje sou da Comunidade Francisco (Regional Sul). Quero contar sobre meu processo de conversão que aconteceu no Amar e Servir de 2010, para isso irei contar um pouco da minha história pré Amar e Servir e pós.

Conheci a CVX ainda criança, pois um vizinho fazia parte de uma comunidade e eu o admirava muito: queria ser igual a ele! Na época, estava na catequese da capela que tinha no meu bairro, levei a ideia para meus amigos, mas não “vingou”. A capela não era inaciana e jogar bola e brincar na rua parecia ser mais interessante. Sendo assim a ideia ficou esquecida, mas hoje percebo que ali foi o momento do “desejo do desejo”.

O tempo passou, terminei a catequese e fiz a Crisma na capela do meu bairro, mas já estudava no Colégio Nossa Senhora Medianeira (Jesuíta) e, ao ver meus colegas de classe e ano fazendo o processo da Crisma na escola, quis participar também, tanto dos retiros quanto da catequese. Isso era o ano de 2004. Na época, em Curitiba existia o CAFHu (Centro de Formação Humana), o qual consistia em tardes de formação e oração, culminando num retiro Escalada. E participei dele durante os anos de 2005 e 2006, e ao terminar, meus colegas e eu resolvemos montar no “grupo de vida cristã”. Assim eu entrei na CVX.

Esse período também foi o período de ensino médio e vestibular. Na época sempre falava em fazer engenharia mecânica.  Mas não estudava o suficiente para isso. Meu pai, já sabendo disso, falou para escolher um curso na FAE (Faculdade Administração e Economia). Escolhi contabilidade (influenciado por dois amigos que também fizeram), e passei.

Então, em 2007 iniciei o curso de contabilidade na FAE, mas nesse ano ainda tentei prestar o vestibular para Educação Física (Bacharel) e não passei. Sendo assim desisti da ideia de fazer Educação Física e fui fazendo o curso de contabilidade e trabalhando na área. Comecei a trabalhar na Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, da qual a FAE faz parte. Continuei presente e participando das reuniões do meu grupo na CVX, e entrei para as equipes de retiro do colégio Medianeira.

Em 2010, veio o convite de realizar o Programa de Formação Amar e Servir, organizado pela CVX no Brasil, em janeiro, no Rio de Janeiro. Só a ida para lá já foi um discernimento. Pois trabalhava na área contábil, tendo 30 dias de férias por ano, que sempre dividia em julho e janeiro. Sendo assim, teria que usar as férias inteiras de janeiro para participar do Programa: 8 dias de retiro, seguido de 8 de curso. Portanto, o discernimento era fazer um retiro e curso de formação durante 15 dias, ou viajar para praia por 15 dias. Lembrando que tinha 20 anos!  Optei por fazer o retiro, não iria sozinho. Pessoas que são muito caras para mim estariam junto fazendo. Então embarquei para fazer o Amar e Servir junto com dois amigos/irmãos (Guilherme e Priscila) e lá encontramos outros (Finatti, Mauro, Analu, Nelson). E nesse retiro de 8 dias, o primeiro que fiz, veio o chamado de Deus para mudar minha vida. Sair da contabilidade e ir trabalhar com crianças. Ainda não saiba como seria esse trabalho, fiquei na duvida entre Matemática e Educação Física. Mas o chamado estava muito claro: “Confia!”.

E a resposta para minha dúvida veio no próprio curso de formação, ao fazer o projeto de vida. O curso foi em Xerém, onde brincávamos no rio para nos refrescarmos e ali tinha crianças que brincávamos juntos. E a certeza que essa era a alegria que queria trazer para elas. Ajudá-las através da educação física a perceberem seus sonhos e correrem atrás deles.

Como já era janeiro e não tinha vestibular para fazer, precisava aguardar um ano para responder esse chamado. Mas tinha uma difícil missão ainda: contar para meus pais que iria fazer uma nova faculdade, quando estava quase terminando contabilidade, empregado há mais de 1 ano, vendo pessoas entrarem e saírem da minha equipe e eu permanecendo. Admito que comecei por quem era mais fácil, minha irmã (Gabriela), que me apoiou na hora. Depois para minha mãe (Clara), que ficou em dúvida entre ficar feliz (pois ela era professora também) ou preocupada (por ela ser professora também). E, por fim, para meu pai (Joel), o que mais eu temia de contar, pois ele trabalha na área econômica e é muito racional. E foi a pessoa que deu a resposta que mais me acalmou. “Filho, você abriu mão das suas férias para fazer esse retiro; se recebeu esse chamado só você pode responder. E, se está falando comigo, é porque já respondeu. Como só tem vestibular no final do ano e falta um ano para terminar contábeis, termina essa faculdade e entre na de Educação Física”. Nesse momento, com apoio total da minha família, percebi novamente o chamado de Deus. Que era Ele agindo através do Espírito Santo.

No próprio ano de 2010, fiz o vestibular na Universidade Federal do Paraná para ver a prova, saber o que estudar. E acabei passando! Em 2011 iniciei a faculdade de Educação Física. Através da faculdade e da CVX conheci minha esposa no mesmo ano. E construindo minha vida com ela, sentimos a necessidade de sair de Curitiba, um desejo de ir morar na praia. Até que, em 2019, passei num concurso em Balneário Barra do Sul – e aqui moramos hoje.  Como diz o evangelho de Mateus (10,39): “Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará”. Quando entreguei minha vida ao chamado de Deus, Ele me entregou tudo que precisava para ser feliz. Sinto que dei minha vida de contador para aceitar a vida que Ele estava me oferecendo. E graças a Ele, tudo foi possível.

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Murilo Fernando Vieira é leigo, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade Francisco – Balneário Barra do Sul (SC).

Imagem: Tomie Ohtake — Sem Título, 1970. Óleo sobre tela. (Acervo Banco Itaú)

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