Meu Deus, se os homens te conhecessem!

Pe. Manuel E. Iglesias, SJ

Depois de ter falado, Jesus ergueu os olhos para o céu e disse: A vida eterna é que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que enviaste, Jesus Cristo.

Jo 17,3

Durante o processo de beatificação de Santo Inácio de Loyola, um senhor se apresentou e declarou que, na sua adolescência, havia conhecido o homem de Deus. Que este ficara hospedado em sua casa e dividido o quarto com ele.

Chegada a hora de deitar, Inácio lhe dissera:

— João, vai dormir, que eu tenho ainda algo para fazer.

O rapaz se deitava e fingia dormir, mas contemplava admirado como seu companheiro de quarto ficava rezando, ajoelhado, durante várias horas. A única coisa que ele conseguia escutar do santo eram estas palavras:

— Meu Deus, meu Deus, se os homens te conhecessem!

Eram palavras que ele não esqueceu depois de tantos anos. Elas expressam o desejo que invadia o coração daquele homem convertido. Um desejo parecido explica a dimensão missionária da Igreja e a vida de tantos cristãos que conhecemos.

Este “conhecer” por dentro Jesus Cristo deveria ser a tarefa prioritária de todos nós, a  nossa súplica constante e a fonte de toda sabedoria.

“Dar a conhecer” a Jesus é a missão fundamental da Igreja e de todo batizado. Quando esse “conhecimento” fica descuidado, formal ou apenas racional a qualidade de vida cristã se enfraquece ou morre.

São João da Cruz se lamentava de que Cristo fosse muito pouco conhecido, mesmo pelos que se diziam seus amigos (Subida, livro 2, c.7,12).

E Santa Teresa de Ávila queria “trazer diante dos olhos seu retrato e imagem, já que não o posso trazer esculpido na minha  alma como gostaria (Livro da Vida, 22,4).

É bom experimentar a alegria de ver Jesus Cristo conhecido e amado por tantas pessoas e culturas! Essa experiência nos anima e estimula a evangelizar.

Quem não vibra ao  ouvir uma criança falar de Jesus com carinho? Ou ao sentir o entusiasmo dos jovens que se entregam a Ele? Ou casais que O anunciam? Quem não se comove ao ver tantos pobres, doentes e sofredores confessando o seu amor e proclamando a Sua presença misericordiosa?

É bonito ouvir cristãos não católicos com paixão de Jesus Cristo!



IGLESIAS, Manuel E. Onde estás, Senhor? São Paulo: Loyola, 2005. 180 p.

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