Vida em abundância
Simone Furquim Guimarães
A leitura do Evangelho hoje é Mt 28,1-10. Maria Madalena e a outra Maria vão ao sepulcro encontrar o corpo de Jesus. Mas o corpo já não está mais lá. O anjo do Senhor aparece e informa que Jesus ressuscitou. Elas vão anunciar aos demais discípulos e encontra Jesus ressuscitado pelo caminho.
É importante observar que esse texto é marcado por palavras como tremor, medo e alegria. O evangelista informa que a terra tremeu com a aparição do anjo do Senhor. A terra é um corpo que reage aos sinais de Deus. Os guardas também tremeram, mas foi de medo, pois não entenderam esses sinais. Eles ficaram como mortos (ou seja, paralisados).

Tanto os guardas que vigiavam o sepulcro, como as mulheres que eram discípulas de Jesus tiveram medo naquele momento. Medo dos últimos acontecimentos (paixão e morte de Jesus), medo da perseguição do império romano. O diferencial entre as mulheres e os soldados foi na atitude, na ação, que é movida pela fé. Os soldados ficaram paralisados, como mortos; as mulheres alegraram-se, reconheceram Jesus ressuscitado e correram para anunciar.
A Palavra do Evangelho é viva para nossa realidade hoje. Diante do medo dos últimos acontecimentos (do COVID19), nossos corpos também reagem. Muitas pessoas estão em pânico, estão paralisadas, em depressão. E não sem razão, pois estamos ouvindo o tempo todo a ameaça de morte chegando cada vez mais próxima de nós. Outros já tiveram essa experiência da morte em suas famílias e amigos, corpos enfermos, nas UTI´s, não podem nem sequer aproximar para cuidar desses corpos, tornam-se corpos solitários. Não sem razão, é motivo para tremer de medo.
Acontece que o diferencial para fé cristã, é que diante das crises mais sofridas, o povo da Bíblia nos ensina que há um Deus que é conosco, não nos abandona e nos ensina a fazer o mesmo que Jesus fez: sermos solidários com os outros, com as outras, ajudar quem mais necessita. Isso nos fortalece, ressuscita nossos corpos paralisados.
Hoje é dia de celebramos o sábado de aleluia, que é a expectativa da vida, da ressurreição. Ao depararmos com o sepulcro vazio, com o medo diante do mistério, recordemos o que Jesus havia anunciado: no terceiro dia ressuscitarei. Assim fizeram aquelas mulheres de fé. Elas não viram Jesus no sepulcro, mas recordaram de tudo o que ele havia dito e se alegraram, e correram para anunciar o ressuscitado. A morte não é a última palavra de Deus para o ser humano, a última palavra é vida e vida em abundância.
Feliz Páscoa para todos e todas!
Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.
Imagem: Marko Ivan Rupnik, SJ – As mulheres, o anjo e o túmulo vazio – Cappella del Pontificio Collegio Portoghese a Roma (2012)
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