Discípulo Amado — Jo 20,2-8
Simone Furquim Guimarães
Estamos na semana do Natal e continuamos a celebrar, em nossas vidas, a memória do nascimento do menino Jesus.
No entanto, a liturgia traz hoje para nós a leitura do Evangelho de Jo 20,2-8 que nos conduz para contemplar além do presépio, e convida-nos a despertar para a fé na Vida eterna, a partir do relato da ressurreição.
A liturgia nos mostra os dois momentos essenciais para a fé cristã: a vida que nasce no cotidiano e a vida que permanece Viva em nossos corações.
O texto nos informa que Maria Madalena encontrou o túmulo vazio e, imediatamente, correu para anunciar o fato aos discípulos. Ela se dirige a Pedro e ao Discípulo Amado; ambos também correm até o túmulo e constatam que ele estava vazio. O evangelista conclui com uma afirmação decisiva: o Discípulo Amado viu e acreditou.
O Evangelho de João foi escrito entre o final do primeiro século e o início do segundo, mais de setenta anos após a morte de Jesus. Nesse contexto, a comunidade cristã enfrentava desafios, dúvidas e perseguições, e necessitava, acima de tudo, renovar e aprofundar sua fé em Jesus Cristo.
Para os primeiros seguidores de Jesus, não foi fácil compreender o sentido da ressurreição. Somente após um longo caminho de reflexão, oração e experiência comunitária é que puderam entrar no mistério pascal e compreender que já não havia motivo para chorar nem para procurar entre os mortos aquele que vive (cf. Jo 20,15). A ressurreição inaugura, assim, um tempo novo: o tempo da alegria para os cristãos.
A figura do Discípulo Amado, recorrente no Evangelho de João, pode ser interpretada como símbolo da própria comunidade cristã, aquela que é chamada a crer na Vida eterna, anunciada primeiramente por Maria Madalena, a primeira testemunha da ressurreição.
A liturgia do tempo pós-Natal convida-nos, portanto, a celebrar o nascimento de Jesus e a perseverar na fé nesse renascimento contínuo da Vida. Esse é o querigma que deu origem à comunidade cristã: a fé no Cristo Vivo.
O Evangelho nos convida a fazer parte da comunidade do Discípulo Amado. O Natal e a Ressurreição continuam sendo testemunhados por cada um e cada uma de nós que cremos e que buscamos viver o Cristo encarnado em nosso pensar e agir, em nossa vida pessoal, comunitária e social, seguindo seus ensinamentos com alegria e sem temor. Amém!
Ouça no Podcast Ignatiana [link]
Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.
Ano A — Sábado. Oitava do Natal
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
