Senhor, mostra-nos o Pai!
Simone Furquim Guimarães
A leitura de hoje é Jo 14,6-14. Faz parte do relato sobre a última ceia de Jesus com os seus discípulos. Segundo o evangelista, Jesus está ciente de sua paixão, morte e ressurreição; e, por isso, faz um discurso de despedida e de revelação de sua identidade com o Pai: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se me conheceis, também conhecereis meu Pai”. Mas Felipe revela sua falta de fé: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” (v.8). Para Felipe não é suficiente o que Jesus fez e ensinou. Felipe precisa de efeitos extraordinários. Jesus o repreende: “há tanto tempo estou convosco e tu não me conheces, Felipe? Quem me vê, vê o Pai”.
Ninguém vê diretamente a face de Deus; o evangelista vai dizer que o Pai pode ser visto por meio das obras do Filho, o Cristo. No texto, as palavras chaves são conhecer, crer e permanecer. Felipe caminhou com Jesus, mas até aquele momento não abriu seu coração para conhecer, crer e permanecer em seu caminho.
O Evangelho nos revela a face do Pai em Jesus Cristo e nos interpela a conversão (crer) e a permanecer no Seguimento de Jesus. Esta é a vontade do Pai: que todos nós sejamos presença de Cristo no mundo a partir da prática do Evangelho (cf. v.12); agindo em Seu nome, conforme ele mesmo disse: “Se me pedirdes algo em meu nome eu o farei” (cf. v.13.14); amando e observando os seus mandamentos (cf. v.15). Para isso, o Pai envia o Espírito Santo que guiará seus discípulos fiéis, será o Paráclito, o Espírito da Verdade.
Pedir em nome de Cristo Jesus não significa fazer a nossa vontade, mas sim a vontade do Pai; pois, muitas vezes, a vontade do ser humano é egocêntrica e individualista. Por isso, pedir em nome de Cristo é importante para não desvirtuar o propósito do Pai e legitimar as próprias ambições. Muitas vezes, em nome de Jesus, foram legitimadas violências contra as pessoas; foram cometidas várias violências contra as pessoas negras, indígenas, mulheres, religiões de matriz africana.
Pedir em nome de Cristo é reconhecer o infinito amor do Pai. Papa Francisco nos deixou esse legado como exemplo. Em sua encíclica, Fratelli Tutti, nos ensinou sobre a fraternidade e amizade social baseada no Evangelho do amor de Jesus Cristo. Ele sabia que as obras de Cristo eram as obras do Pai.
Papa Francisco, assim como os cristãos joaninos da 1 Jo 4,1, exortava-nos: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus, porque Deus é amor!”. Amém!
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Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.
Ano C — Sábado (2ª semana da Páscoa) – Santos Filipe e Tiago, apóstolos.
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
