Divina Ruah

Simone Furquim Guimarães

A leitura do Evangelho hoje é Lc 12, 8-12. O tema central deste texto é sobre a importância da presença do Espírito Santo na história da salvação.

Interessante perceber que o Evangelho de Lucas nos mostra três momentos importantes da presença divina no meio de nós: no Antigo Testamento, Deus esteve presente, sobretudo por meio dos profetas; depois, pela vida e ensinamento de Jesus Cristo; e agora, não tendo mais a presença do Filho do Homem, a história da salvação prossegue com a presença do Paráclito no meio da comunidade.

O Evangelho de Lucas é o que mais fala sobre a ação do Espírito Santo na comunidade. Logo no início de sua vida pública, Jesus anuncia na sinagoga a Boa Notícia: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”.

Certamente, a comunidade cristã entendeu que o após a morte e ressurreição de Jesus, o Espírito Santo é que moveria os fiéis na evangelização. Por isso, no texto de hoje, o evangelista entendeu o quanto era necessário o Paráclito para a vida da comunidade. Jesus envia o Espírito Santo que conduzirá os cristãos, dará coragem e proteção. Jesus vai dizer: “Quando vos conduzirem diante das sinagogas, magistrados e autoridades não fiqueis preocupados como ou com que vos defendereis, ou com o que direis. Pois, nessa hora, o Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer”.

Lucas entende que o Espírito move o cristão na evangelização. E quem impedir essa missão está rejeitando e impedindo a vontade de Deus. Lucas está se referindo aos perseguidores dos cristãos (autoridades romanas e religiosas), que prendiam e matavam, como fizeram com o apóstolo Paulo e seus discípulos quando pregavam o Evangelho movidos pela ação do Espírito Santo.

A igreja nos ensina que a presença do Espírito Santo já existia desde a criação. No primeiro capítulo do livro do Gênesis, encontramos esta presença como sopro divino, que em hebraico é escrito como Ruah.

Neste momento estamos presenciando a guerra entre o Hamas e Israel. Quantas vidas ceifadas e desrespeitadas por uma guerra bélica, política e guerra de informações. Essas guerras são exemplos de afrontas contra o Espírito Santo, pois afronta o projeto de Deus, que é de vida em abundância para todos.

Nesse momento, oremos, unidos ao Papa Francisco, e pedimos para que a Divina Ruah, o sopro divino, seja o sopro de vida, de acalento à essas vítimas e também de transformação dos corações dos dirigentes desses conflitos; e oremos para que a Divina Ruah continue animando fiéis a viver e anunciar a Boa Notícia, o Evangelho de Jesus Cristo. Amém!


Ouça no Podcast Ignatiana [link]

Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).


Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.

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