Simone Furquim Guimarães

Na leitura de hoje (Lc 9,43b-45), o evangelista nos informa que as pessoas “se admiravam de tudo o que Jesus fazia” e estavam “maravilhadas com a grandeza de Deus”.

Lucas anima as comunidades cristãs de seu tempo para também tomar gosto pelo Evangelho, pelo anúncio e prática de Jesus, a se maravilhar e admirar a Boa Nova.

Sabemos que Jesus não agradou a todos; pelo contrário, incomodou muita gente. Por isso mesmo ele alerta seus discípulos: “abri bem os ouvidos às seguintes palavras: o Filho do Homem será entregue às mãos dos homens” (v.45). Por isso mesmo, em várias situações, Jesus pede o silêncio sobre sua pessoa (cf. Lc 4,41; 8,55; 9,21): é o segredo messiânico que será revelado em sua glória.

Enquanto o Evangelho de Jesus Cristo produz admiração e alegria à maioria dos que sofrem injustiças sociais e religiosas; desagrada e incomoda aqueles que estão “sentados nos tronos”, os que estão no poder hegemônico e dominante (seja político, religioso ou social); pois, os ensinamentos de Jesus exigem uma mudança de comportamento, mudanças nas estruturas que oprimem e provocam injustiças.

O Evangelho veio para que todos tenham vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10): não esqueçamos! Mas, infelizmente, ao longo da História humana, o poder dominante manipulou o Evangelho para atender a seus interesses e para subjugar as pessoas, produzindo todo tipo de morte. Infelizmente, o Evangelho continua oculto e incompreensível para muitos. Muitas igrejas manipulam a Palavra de Deus para oprimir. Em muitas ocasiões, o culto tornou-se estratégia de comércio; a salvação tornou-se uma mercadoria; muitas lideranças manipulam a Palavra de Deus para construir discursos de ódio, de exclusão, de violência contra até mesmo outras denominações religiosas ou contra qualquer um que não se encaixe no “padrão de pureza” determinado por uma doutrina de fé.

E Jesus Cristo (na figura de todas as categorias de empobrecidos/as) continua sendo entregue nas mãos dos “homens” que detém o poder. O Evangelho, a Palavra de Deus, passa a ser um jugo pesado e a ser motivo de medo e ódio.

Oremos para que o Evangelho, a Palavra de Deus e os sinais do Reino presente a cada dia sejam sempre motivo de admiração e exaltação e que não percamos o amor e a alegria evangélica.

Amém!

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Ouça no Podcast Ignatiana [link]

Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).

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Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.

Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.

Sábado da 25ª semana do tempo comum, ano A

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