Paz inquieta
Simone Furquim Guimarães
A leitura de hoje é Lc 6,43-49. Jesus conta três parábolas: da árvore boa e ruim, do tesouro bom e ruim e do homem que constrói a casa sobre a rocha. Nestas parábolas há elementos comparativos para ensinar como deve ser e fazer o bom cristão: deve ser a árvore boa, os frutos bons, o bom tesouro e o bom construtor. Se assim o faz não cairão na contradição e ruína, pois ouve a palavra de Deus e a coloca em prática. Estes, são diferentes dos hipócritas, aqueles que fazem belos discursos, que passam por tementes a Deus, mas não praticam a Palavra de Deus.
Temos acompanhado, há anos, a luta e resistência dos povos indígenas para garantir suas terras e proteger nossa natureza. Por outro lado, ruralistas e exploradores de plantão proferem discursos falaciosos, constroem teses jurídicas, mas com finalidade de explorar as terras tradicionais e acumular cada vez mais seu capital. Estes mesmos hipócritas denunciados por Jesus, vão à missa ou ao culto todos os domingos, rezam: “Senhor, senhor!”, porém, suas práticas contradizem o que Jesus ensinou.
A teoria e a prática, as contradições do que se prega e se pratica era o problema que levava a destruição da dignidade de vida das pessoas desde o tempo de Jesus. Saber ouvir, aderir e praticar verdadeiramente o Evangelho é construir com alicerce bem seguro nossa vida, nossa comunidade, nossa igreja, nossa sociedade.
Jesus adverte essas pessoas: “a boca fala do que o coração está cheio”. No Evangelho de Mateus, tem uma passagem em que Jesus também faz uma crítica contra essas autoridades religiosas e políticas. Ele vai dizer assim: “é do coração que vêm os maus pensamentos, os crimes de morte, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, as mentiras e as calúnias” (Mt 15,19). Jesus está explicando que o que torna a pessoa impura é o que sai do coração, ou seja, seus pensamentos, suas ideias que são concretizadas para prejudicar, sobretudo, os mais vulneráveis.
Chega de discursos falaciosos de proteção à natureza e respeito aos povos indígenas, mas que se contradiz com práticas, a partir de leis inescrupulosas, que querem reduzir seus territórios, contaminar e destruir suas terras.
Que nosso coração se encha da paz inquieta de Jesus para proclamar palavras de justiça para nossos irmãos e irmãs indígenas. Neste 20 de setembro, vamos gritar:
“Pela democracia, digo não ao marco temporal!”
Ouça no Podcast Ignatiana [link]
Simone Furquim Guimarães é mestre em Teologia na linha bíblica. Tem experiência na área de Leitura Popular da Bíblia no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI/Planalto Central).
Esta reflexão bíblica foi originalmente apresentada no Programa de Justiça e Paz, produzido pela Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Brasília, que vai ao ar todo sábado, às 11:00, na Rádio Nova Aliança.
Desde outubro de 2020, também disponível no podcast Ignatiana.
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
