Maria Luiza Canedo

Nasci em uma família de classe média, afetiva e cuidadora, com pais participativos. Estudei em colégio católico tradicional e frequentei as missas aos domingos, na paróquia do bairro. A religião estava presente, mas ocupava um pequeno espaço no meu cotidiano. Tive uma infância tranquila, o que só mais tarde compreendi que era uma situação de poucos, na sociedade tão desigual e injusta em que vivemos. 

Meu pai morreu em um acidente de carro, quando eu tinha 17 anos. Minha mãe, professora primária, ficou responsável por dois filhos menores e duas idosas – minha avó e minha tia, que moravam na nossa casa. Em um instante a vida mudou e eu me tornei adulta. Comecei a trabalhar e a cursar a faculdade. Foi um tempo difícil onde muitas vezes precisei segurar na mão de Deus para seguir em frente.

Casei aos 21 anos. Fui mãe aos 26. As demandas familiares e profissionais ocuparam completamente os meus dias. Nunca perdi a fé em Cristo, mas a religião continuava restrita a um espaço separado da minha vida. Escolhi um colégio católico para que meu filho pudesse receber os princípios da fé cristã, mas ele me dizia que na escola não ensinavam essa religião ‘que eu tinha inventado’. 

O tempo passou, me desliguei do trabalho que eu fazia há muitos anos, e sentia que algo me faltava. Comecei a me questionar sobre que sentido dar à minha vida, perguntando a Deus: “O que Você quer de mim?” E, como sempre Ele me respondeu, fazendo chegar às minhas mãos a divulgação da Oficina de Oração e Vida. De lá, cheguei a um Grupo de Leitura Orante da Bíblia e dele ao convite para participar da Comunidade de Vida Cristã (CVX). Eu nunca tinha ouvido falar sobre pessoas leigas formarem uma comunidade cristã, não tinha ideia de como isso poderia ser.

À medida que fui sendo introduzida na espiritualidade inaciana, pela orientação espiritual e pelos encontros regulares de partilha, fui descobrindo o meu pertencimento, o lugar onde me encontrava plenamente com Deus. Ingressar na CVX Nossa Senhora de Fátima, em abril de 2010, marcou uma nova etapa de vida para mim. Encontrei um novo jeito de falar com Deus e, principalmente, de escutá-lo na oração diária integrada à vida cotidiana. Buscando o crescimento espiritual, com os Exercícios Espirituais fui me transformando, vendo o mundo de outra forma, aprendendo a discernir entre o essencial e o que apenas me sobrecarrega e procurando agir norteada por mais amar e servir. Na atividade profissional que exerço atualmente, como docente, procuro ver Cristo em cada pessoa e levar a alegria, a fraternidade e a solidariedade, na construção da vida plena para todos. Trabalhar como se tudo dependesse de mim e orar como se tudo dependesse de Deus dá direção ao que faço. Partilhando oração e vida, na minha comunidade CVX, me fortaleço para “ir sem medo para servir”, como nos orienta o Papa Francisco. Sou apenas uma pessoa comum, em caminho e continuo seguindo a Cristo, cada vez mais de perto e com maior disponibilidade.              

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Maria Luiza Canedo é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade Nossa Senhora de Fátima, Rio de Janeiro (RJ).

CVX: Uma Vocação

Imagem: Lígia de Medeiros. Coração, impressão. Coração…

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