Ser amada por Deus muda a relação comigo mesmo
Lucimeire Matos
Vivenciar a jornada do amor é assumir uma busca constante pelo seu ser, na inconstância da vida que te faz viver numa eterna busca.
A busca pelo amor.
Rezar o cotidiano e saborear o cardápio da vida, de uma vida com doença crônica ou uma doença de pele rara sem cura, como no meu caso, que vivencio ambas.
Entre tantas histórias de encontros entre meu ser com o Ser Amada por Deus, está um Pai Amoroso que não é indiferente às dores do meu cotidiano, mas um Deus que sofre comigo.
Encontrei um Deus que me olha com acolhimento e não somente para minhas feridas. Ele sabe quem sou. Vivemos num mundo muito barulhento. Precisamos do silêncio! Silêncio para viver o mistério do amor.
Saborear o cotidiano, às vezes amargo numa consulta de hospital, provoca o perigo da pessoa se fechar em si mesma, de reconhecer fraquezas e sentimentos nada agradáveis. E ali no momento de uma dor tão grande, um olhar me abraça e me faz recordar aquele primeiro encontro quando me senti amada por Deus.
A espiritualidade do cotidiano de sentir-se amada quando alguém cuida de você.
Ser amada por Deus ensina o significado da palavra cuidar. Ah! Os cuidados diários, esse olhar para si mesmo com mais generosidade e calma.
Muitas vezes me perguntei: De onde vem a calma de Jesus?
Ser amada por Deus muda a relação comigo mesma, não no sentido de viver uma fé romantizada e cair na tentação da ilusão da oração. Não se vitimizar e entrar na onda da comparação, para achar culpados. O que aprendo diariamente é me responsabilizar pela minha vida e agradecer.
A relação comigo mesma amadureceu nos últimos tempos: desacelerei e o sabor da vida ganhou outros sabores e sentidos. A resposta da graça de ser uma pessoa mais leve. A resposta da graça de ser uma pessoa que agradece.
Tenho consciência de que a relação comigo mesma está numa mudança constante e diária, pois cada vez que me sinto amada por Deus sou lançada para fora do medo, da doença, da pobreza, das misérias humanas, do egoísmo… E sou chamada para missão, a ir ao encontro do outro.

Um amor que me leva para fora todos os dias. Isso para mim é movimento.
Essa relação comigo mesma me mostra inúmeras possibilidades de transformações diárias, como resposta da graça de ser amada por Deus.
Lucimeire Matos é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade Cardoner, São Paulo (SP).
Imagem: Sara Goldman Belz (1940-). Sobre o Amor, 1976. Enciclopédia Itaú Cultural.
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IGNATIANA é um blog de produção coletiva, iniciado em 2018. Chama-se IGNATIANA (inaciana) porque buscamos na espiritualidade de Inácio de Loyola uma inspiração e um modo cristão de se fazer presente nesse mundo vasto e complicado.
O reconhecimento de ser amada por Deus leva à gratidão e a ter o amor como fundamento da vida. Obrigada por compartilhar!
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Sou grata por ter acompanhado Boa parte desta caminhada de amadurecimento. Quanto amor derramado!
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