Renata Villela

Diante do presépio, olhando cada um dos que compõem essa cena que tanto nos emociona, a figura dos magos salta aos meus olhos… Não que eles sejam os mais importantes, claro que não, mas porque diante das profecias que se mesclam à realidade, são os mais inusitados.

Os magos vêm de outras terras, com crenças distintas, não seguem o “script” judeu. Não são profundos conhecedores da “lei” e são eles os primeiros a reverenciar o Menino Deus com seus presentes mais preciosos, doando-se a Ele, na manjedoura.

Além disso, deixam-se guiar pelo que veem, compreendendo a que autoridade devem render obediência e fazendo o que precisa ser feito. Poderiam ter seguido as ordens do Imperador, mas – em vez disso – reconhecem quem é o verdadeiro Rei.

O que mais me encanta nos magos, além das coisas que já citei é que, deixando-se contagiar pela Verdade daquele Amor, criaram caminhos novos. Descobriram que, depois desse Encontro, é impossível voltar a trilhar antigas estradas e voltar para o mesmo lugar. Renovados e transformados, seguem por novos caminhos.

Olhar para os Magos me inquieta e, nessa contemplação, perguntas vêm ao meu coração:

• O que é que eu tenho de mais precioso para doar ao Menino Jesus?
• Tenho estado atenta aos sinais ou meus olhos estão por demais presos às coisas da terra?
• Encontrando a Sagrada Família, estou disposta a criar novos caminhos, deixando o Novo nascer em mim, comprometendo-me a ter olhos para encontrar as manjedouras espalhadas por nossas cidades?

Que, mais que um ornamento do Natal, o presépio seja um memorial de Amor, de entrega e que nos inquiete, movimentando-nos a natalizar essa realidade tão difícil que temos vivido.

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Renata Villela é psicóloga, é integrante do Grupo OPA (Oração pela Arte), mora em Salvador (BA).

Imagem: Luis de Morales — La Adoración de los Reyes Magos, séc. XVI.

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