O Sínodo da Amazônia: oportunidade de renovação espiritual
Alex Pin
Está em curso o Sínodo da Amazônia que se realiza em Roma, entre os dias 6 e 27 de outubro. Trata-se de uma oportunidade de reavivamento da espiritualidade e da pastoral da Igreja. A proposta central do sínodo é refletir sobre a identidade e os clamores pan-amazônicos, discernir para a conversão pastoral e ecológica, e propor novos caminhos para uma Igreja com rosto amazônico.
Portanto, o encontro que reunirá 250 lideranças da Igreja de todo o mundo estará centrado na perspectiva da espiritualidade e da pastoral. Relembra-nos o intuito do Concílio Vaticano II, sobretudo, da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que afirmou “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.
Para os povos da Amazônia, o bem viver existe quando estão em comunhão com as outras pessoas, com o mundo, com os seres de seu entorno e com o Criador. Os povos indígenas, realmente, vivem no interior da casa que Deus mesmo criou e lhes deu como presente: a Terra. Suas diversas espiritualidades e crenças os motivam a viver uma comunhão com a terra, a água, as árvores, os animais, com o dia e a noite.
Os indígenas amazônicos cristãos entendem a proposta do bem viver como vida plena no horizonte da colaboração na criação do Reino de Deus. Esse bem viver será alcançado somente quando se realizar o projeto comunitário em defesa da vida, do mundo e de todos os seres vivos.
Há, assim, conaturalidade entre a espiritualidade dos povos amazônicos e as grandes intuições da espiritualidade que brotou do Concílio. Não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração de Jesus, porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada aos povos amazônicos e à sua história.
Importa sentirmo-nos e reconhecermo-nos unidos à Igreja e ver e fazer ver – sensibilizar-nos – o significado da proposta sinodal, compreendendo que estamos diante de nova oportunidade para a Igreja em geral e, mais especificamente, para a Igreja da América Latina.

Ao exemplo de Maria, é momento de ouvir atentamente e “guardar todas essas coisas em nosso coração” a fim de vivermos a renovação espiritual que nos é proposta pelo Sínodo, “hoje, a realidade específica da Amazônia e de sua sorte interpela cada pessoa de boa vontade sobre a identidade do cosmo, sua harmonia vital e seu futuro”. Somos interpelados a reconhecer “a natureza como herança gratuita” e, “como profetas da vida”, assumir nosso compromisso de proteger a Casa Comum, a criação”.
Alex Pin é professor de filosofia.
Imagem: Nossa Senhora da Amazônia – Lara Denys
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“O que será de nós se não cuidarmos da Terra Nossa única Casa que nos deu o Criador?”
Tenho ouvido esta frase acima, dita repetidas vezes pelos amantes guardiões da floresta, durante este oportuno Sínodo aqui no Vaticano e também em diversos espaços da “Amazônia Casa Comum” que está fazendo o diferencial neste Sínodo com semelhanças de um “Concílio”.
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