Juventudes e artes
A música é uma linguagem fundamental para os jovens: constitui a trilha sonora da sua vida, na qual estão constantemente imersos, e contribui para o caminho da formação da identidade numa maneira que, mesmo com uma consciência quase generalizada de sua importância, a Igreja raramente aprofunda.
A música suscita emoções, envolve também o aspecto físico, abre espaços de interioridade e ajuda a torná-los comunicáveis. Ao mesmo tempo, transmite mensagens, veiculando estilos de vida e valores consoantes ou alternativos àqueles propostos por outras instituições educativas. Em algumas culturas juvenis, o mundo da música pode ser uma espécie de refúgio inacessível aos adultos. Dado seu poder, o mundo da música é facilmente influenciado e manipulado também por interesses comerciais, ou até mesmo especulativos.
A música e a sua partilha ativam processos de socialização. Os concertos reúnem milhares de jovens: não sem ambiguidade, nestes há a necessidade de estar juntos, tornando secundárias as diferenças individuais. Os grandes eventos musicais podem ser vividos como uma experiência totalizante: espetáculo visual e acústico, dança, movimento, aproximação e contacto físico que permite sair de si e sentir-se em harmonia com outros desconhecidos; ao mesmo tempo, também podem ser uma ocasião para a escuta passiva, na qual o efeito da música, por vezes amplificado pelo uso de drogas, tem um papel despersonalizante.
Também a prática musical tem um valor pessoal e social. Muitos jovens compositores e músicos sentem a responsabilidade de interpretar a experiência de sua própria geração e tentam comunicar a seus coetâneos mensagens sobre temas sociais relevantes, da sexualidade às relações interpessoais e à valorização das culturas tradicionais.
Mesmo menos difundida que a música, a fruição de muitas outras formas de expressão artística desempenha um papel fundamental na formação da identidade pessoal e social dos jovens: pintura, escultura, cinema, artes visuais, dança, teatro, fotografia, história em quadrinhos, desenho gráfico, web art, escrita, poesia, literatura etc. Quando são praticadas de modo ativo, permitem o exercício da criatividade pessoal e a participação do desenvolvimento cultural, em particular por meio de iniciativas experimentais que cada vez mais preveem o uso das novas tecnologias.
De grande interesse são as formas de expressão artística relacionadas às tradições populares e locais, com particular destaque para as minorias étnicas, que conectam os jovens com a herança do passado e oferecem ocasiões para a prática cultural, independentemente do nível de escolaridade ou da disposição de ferramentas técnicas ou tecnológicas.
Instrumentum laboris [36-38]
SÍNODO DOS BISPOS.
XV Assembleia Geral Ordinária (2018)
Os jovens, a fé e o discernimento vocacional.
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