Retiro Quaresmal 2021 — Primeira semana

Adorarás o Senhor, teu Deus, e só a Ele servirás…

Lucas 4,8
1º Domingo da Quaresma – 21 fev.

Mc 1, 12-15

E logo o Espírito o impeliu para o deserto.

Talvez esperássemos que estas leituras do 1º Domingo da Quaresma nos recomendassem sacrifícios, jejuns, tristeza. Ao contrário, nos falam da bondade de Deus, que intervém em nossa vida, a fim de que, arrependidos de nossos pecados, renovemos nossos propósitos e iniciemos uma vida nova para sermos verdadeiramente felizes.

Sabemos que a revelação sobre a natureza de Deus se deu devagar. Hoje, após a vinda à terra da segunda pessoa da Santíssima Trindade, Jesus Cristo, soubemos que Deus é Amor. Mas, naqueles tempos antigos, atribuíam-se a Deus atitudes humanas. Assim, lê-se que “O Senhor se arrependeu de ter criado o homem na terra e teve o coração ferido de íntima dor. E disse: “Exterminarei da superfície da terra o homem que criei (…) porque eu me arrependo de tê-los criado!” (Gn 6, 6-7).

Jamais Deus teria pensado fazer tais coisas, porque ele nos ama e, portanto, não nos castiga. Quando pecamos, usando erradamente de nossa liberdade e, mesmo assim, Ele não desiste de nós, ama-nos e quer-nos de volta para junto de si. Deus nunca nos abandona. Pelo contrário, segue-nos, mesmo estando em caminhos errados, para corrigir-nos e renovar-nos. São Pedro também se refere às águas do dilúvio, comparando-as às águas do nosso Batismo. Escreveu ele: “Essa água prefigurava o batismo de agora, que vos salva também a vós, não pela purificação das impurezas do corpo, mas pela que consiste em pedir a Deus uma consciência boa, pela Ressurreição de Jesus Cristo”. Ao lermos o santo Evangelho, deparamo-nos com uma frase intrigante: “E logo o Espírito o impeliu para o deserto.”. Para quê? – perguntaríamos nós. Para ser tentado pelo demônio. Mas Deus exporia seu Filho ao mal? Não! O Pai nunca faria isso com seu Filho Amado. É que nem todas as provações são para o pecado. Como Jesus, somos conduzidos ao deserto de nossa vida com dores e alegrias. Nossa fé é submetida seguidamente à prova, como Ele também foi! Não tenhamos medo. O mesmo Espírito que conduziu Jesus está conosco!

Segunda-feira – 22 fev.

Mt 16, 13-19

No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?

Se Jesus nos fizesse a pergunta “E vós quem dizeis que eu sou?”, o que responderíamos? Se afirmássemos que é apenas mais um profeta, talvez se justificassem nossa indiferença para com seus ensinamentos, a preguiça em fazermos nossas orações; seria entendida a ânsia em juntar dinheiro cada vez mais; estaria explicado por que nos fechamos aos irmãos. Mas, se respondêssemos com São Pedro que Ele é o “Cristo, o Filho de Deus vivo”, seria difícil entender como, às vezes, passamos em frente às igrejas sem entrar pelo menos um minuto… Será que não podemos “perder” (como dizemos) um instante para cumprimentar Aquele que nos deu a vida e mantém-se “na palma de sua mão” continuamente? Se Jesus é nosso Mestre, como compreender nosso desleixo em abrir a Bíblia para lermos ao menos um pensamento seu? Por que será que qualquer pretexto nos leva a deixar em segundo lugar a celebração da Santa Missa, a fim de fortalecermos nossa alma com seu Corpo e Sangue? Que o Pai nos ilumine!

Terça-feira – 23 fev.

Mt 6, 7-15

Eis como deveis rezar.

Nos evangelhos existem duas versões do Pai-nosso. Uma de Lucas, a mais breve e provavelmente a mais antiga. E a outra de Mateus, por sua vez apresenta a que era recitada em sua comunidade. A oração, como as demais práticas religiosas, transformaram-se para os fariseus num motivo de ostentação e luzimento externo; deixaram de ser um modo do louvar a Deus e era somente um instrumento para alcançar honra e prestígio diante dos homens. A oração do cristão deve estabelecer uma relação íntima com o Pai; entra no teu quarto, fecha a porta; num clima de abandono e confiança a Deus: o teu Pai recompensar-te-á. Os cristãos devem orar como Jesus orava. Esse estilo de oração está presente de uma forma condensada no Pai-nosso.

Quarta-feira – 24 fev.

Lc 11, 29-32

Nenhum sinal será dado a esta geração a não ser o sinal de Jonas.

No Evangelho de hoje, encontramos Jesus usando ásperas palavras. Ele se dirigi ao povo que o ouve como a uma “perversa geração”. Mas por que tanta dureza? Porque eles não estão abertos para reconhecer o tempo de sua conversão às pregações de Jesus. Jesus é o sinal que é, ao mesmo tempo, um apelo á conversão, muito mais urgente do que o apelo que o profeta Jonas dirigiu aos habitantes de Nínive, que eram pagãos. Para cada um, a conversão tem a sua “hora” certa. É Jesus quem passa em nossas vidas em determinado momento. Ele é o sinal, que é um apelo à conversão muito mais urgente do que a do profeta Jonas, dirigiu aos habitantes de Nínive, os quais eram pagãos. As palavras de Jesus assumem um estilo profético e, ao mesmo tempo, um tom de julgamento.

Quinta-feira – 25 fev.

Mt 7, 7-12

Pedir. Buscar. Achar. Bater.

Estes ensinamentos de Jesus pertencem a uma antiga tradição, que Mateus e Lucas apresentam em contextos diversos. Em Lucas servem para ilustrar como a oração do cristão deve ser perseverante e confiante, em Mateus, no entanto, pretende apoiar a decisão do discípulo que opta para servir a Deus. Os três imperativos que iniciam a instrução: Pedir… Buscar… Bater… tinham um sentido religioso no judaísmo: expressavam a busca em Deus e a confiança em sua providência. Mateus quer infundir esta mesma confiança à sua comunidade, relembrando–lhes que a oração cristã expressa e torna possível um estilo de vida em absoluta dependência de Deus.

Sexta-feira – 26 fev.

Mt 5, 20-26

Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus…

Não é suficiente a justiça dos fariseus. Não basta evitar os homicídios, as mortes, as guerras. Jesus quer ir à raiz do mal, que se situa no mais profundo de nosso ser, e quer que nos convertamos ao nível dessa estrutura. O lugar privilegiado de Deus no mundo, após a encarnação, não é mais nos templos, mas na pessoa humana. É preciso decidir-se pela fé e pela conversão. O perdão fraterno não pode ser adiado. Converter-se é seguir a Jesus no amor que ele tem por todos nós. Hoje, sabemos, é inútil um culto a Deus se não cultuarmos o irmão, não amarmos o nosso próximo. E a reconciliação com o próximo tem precedência à adoração de Deus. Estamos assim perto de Deus na medida em que estamos perto de nosso próximo.

Sábado – 25 fev.

Repetição

A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.

Obs.: Os comentários bíblicos são extraídos do Diário Bíblico – Editora Ave Maria e outras fontes.

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Material produzido pelo Pe. Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ, disponível no portal dos Jesuítas Brasil

Imagem: Luís Henrique Alves Pinto

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