Vera Mota Saraiva

Bonita é a alma que coleciona cicatriz, mas prefere espalhar amor.

Vitor Hugo

Entendo educação como um bem que vai se experimentando ao longo da vida. Não tem bem um início, considerando que desde o útero de nossa mãe já vamos aprendendo… aprendendo a sugar, sentir, emocionar(-se), expressar nossos desejos mais inocentes de Ser.

Assim, vai acontecendo a primeira fase de uma Educação Integral. Leia-se Integral como, inclusive, partes ou membros de uma grande família, desse imenso Mistério que somos, desta amada comunhão nomeada Humanidade.

O desenvolvimento humano vai rompendo barreiras na infância, um aprendizado que vem desde o simples ato de chorar e ser atendido, acolhida na necessidade primária até construirmos os primeiros textos orais, dizermos palavras, frases, que façam sentido pra nossos cuidadores enquanto crianças.

Não é fácil ser criança! Muita coisa a aprender, muitas situações a experimentar. E dependendo do ambiente em que nascemos, vamos crescendo e aprendendo a sermos mais ou menos humanos.

As primeiras crenças vão-se construindo, um encontro com um Ser Absoluto cujo único sentimento é Amor. Enquanto meninas e meninos chamamos Deus de “Pai, Papai do Céu”. Maria será nossa “Mãe do Céu!” Tão ingênuos somos que saímos com nosso coração do lar de nossos pais terrenos para pertencer uma grande família da Igreja sem sabermos ao certo o que isto significa. Mas vamos.

Na adolescência vão-se construindo os primeiros nichos, os famosos guetos de hoje, reuniões de jovens que se afinam por desenvolvimento emocional, físico, com crenças semelhantes. São grupos que trazem o sentimento de pertença, tão importante pra firmar o sentido de família!

Aqui nesta fase da vida vêm os laços que, às vezes, ficam pra sempre, marcam nossas histórias como filhos, filhas de Deus muito amados, amadas. E atingimos a maturidade com lições múltiplas nos campos da vida, seja no trabalho, com parentes, estudos, esportes etc. São muitos os grupos sociais dos quais vamos levando aprendizagens saudáveis ou não pra Vida.

Espiritualidade é sentimento, é saber-nos parte de um grandioso corpo que é a Humanidade. Daqui advêm valores como Compaixão, Misericórdia por todas as pessoas, sobretudo pelos mais desvalidos. Compreendemos então a “Causa” pela qual Jesus lutou, viveu, morreu e ressuscitou nesta Terra. Fé é o motivo primeiro pra crer que este sentimento, Espiritualidade, preenche nosso ser, torna-nos plenos, plenas, em paz para Silenciar, rezar, encontrar Deus na oração. É quando nomeamos o caminho pelo qual escolhemos seguir: neste caso, nomeei e escolhi seguir a Espiritualidade inaciana.

Santo Inácio foi um místico, santo do século XVI que conheceu Cristo em experiências singulares, de deserto. Junto à natureza, aproximou-se mais de Deus Trindade. E deixou aos seus seguidores um livrinho de título Exercícios Espirituais para que toda pessoa, homem ou mulher encontrem “Deus em todas as coisas!”.

Pode-se viver, morar sozinho, sozinha, mas sempre seremos parte da família humana. Assim conhece-se a espiritualidade dominicana, salesiana, do Shalom etc. Também a inaciana. Religiões são muitas. Mas só há um caminho onde nos sentiremos em casa, em nosso lar: este lugar é este sentir-se bem, plenos, plenas para um encontro constante com Nosso Senhor.

Sejamos plenos ainda em vida. Eduquemo-nos para a Fé e usemos desta espiritualidade “tanto quanto mais nos aproxime de Deus!”.

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Vera Mota Saraiva é leiga, pertencente à Comunidade de Vida Cristã (CVX), comunidade Fé e Vida, Fortaleza (CE).

Imagem: Fayga Ostrower, 1965 — Xilogravura sobre papel

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