Nota da Comunidade CVX-MCL
COMUNIDADE DE VIDA CRISTÃ
Movimento Cristão Libertador
Jacareí (SP)
CONSIDERANDO o delicado momento político em que passa o Brasil diante da proximidade da eleição presidencial em segundo turno;
CONSIDERANDO os Princípios Gerais da Comunidade de Vida Cristã (CVX) que traz em seu número 8 que “…recebemos de Cristo a missão de ser suas testemunhas perante todas as pessoas, através de nossas atitudes, palavras e ações, identificando-se com a missão de anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a liberdade aos cativos, dar vida aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano e graça do Senhor. Nossa vida é essencialmente apostólica. O campo da missão da CVX não conhece limites, estende-se à Igreja como ao mundo, a fim de levar o Evangelho da salvação a todos e servir às pessoas e à sociedade, abrindo os corações à conversão e lutando para transformar as estruturas opressoras“; (grifos e destaques nossos) e ainda na letra “d” deste mesmo item: “A Comunidade nos impele a proclamar a Palavra de Deus e a trabalhar pela reforma das estruturas da sociedade, participando dos esforços de LIBERTAÇÃO DAS VÍTIMAS DE TODA SORTE DE DISCRIMINAÇÃO e, sobretudo, para ABOLIR AS DIFERENÇAS ENTRE RICOS E POBRES. (grifos e destaques nossos);
CONSIDERANDO todo o capítulo IV da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que trata da “vida da comunidade política” (1);
CONSIDERANDOo Documento de Medellín que entre tantos ensinamentos traz que “Não se pode abandonar aos impulsos da emoção e da paixão uma decisão da qual depende todo o futuro dos países do continente.”;
CONSIDERANDOo Documento de Puebla, que entre tantas afirmações, traz “A fé cristã não despreza a atividade política; pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima.”
CONSIDERANDO o Documento Santo Domingo, sobretudo o contido no número 96. “Comprova-se, porém, que a maior parte dos batizados ainda não tomou plena consciência de sua pertença à Igreja. Sentem-se católicos, mas não Igreja. Poucos assumem os valores cristãos cromo elemento de sua identidade cultural, não sentindo a necessidade de um compromisso eclesial e evangelizador. Como consequência disto, o mundo do trabalho, da política, da economia, d.e ciência, da arte, da literatura e dos meios de comunicação social não são guiados por critérios evangélicos. Assim se explica a incoerência entre a fé que dizem professar e o compromisso real na vida (cf. Puebla 783)” (grifo nosso);
CONSIDERANDO o Documento de Aparecida que traz, entre tantos, o texto contido no número 385, o seguinte: “…a Igreja “não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela justiça”215. Ela colabora purificando a razão de todos aqueles elementos que ofuscam e impedem a realização de uma libertação integral. Também é tarefa da Igreja ajudar com a pregação, a catequese, a denúncia e o testemunho do amor e da justiça, para que despertem na sociedade as forças espirituais necessárias e se desenvolvam os valores sociais. Só assim as estruturas serão realmente mais justas, poderão ser mais eficazes e sustentar-se no tempo. Sem valores não há futuro e não haverá estruturas salvadoras, visto que nelas sempre subjaz a fragilidade humana.
CONSIDERANDO que a CNBB emitiu recentemente a nota conjunta (com outras Instituições do Brasil) onde AFIRMA o peremptório repúdio a toda manifestação de ódio, violência, intolerância, preconceito e desprezo aos direitos humanos, assacadas sob qualquer pretexto que seja, contra indivíduos ou grupos sociais, bem como a toda e qualquer incitação política, proposta legislativa ou de governo que venha a tolerá-las ou incentivá-las; REITERA a imperiosa necessidade de preservação de um ambiente sociopolítico genuinamente ético, democrático, de diálogo, com liberdade de imprensa, livre de constrangimentos e de autoritarismos, da corrupção endêmica, do fisiologismo político, do aparelhamento das instituições e da divulgação de falsas notícias como veículo de manipulação eleitoral, para que se garanta o livre debate de ideias e de concepções políticas divergentes, sempre lastreado em premissas fáticas verdadeiras; EXORTA todas as pessoas e instituições a que reafirmem, de modo explícito, contundente e inequívoco, o seu compromisso inflexível com a Constituição Federal de 1988, no seu texto vigente, recusando alternativas de ruptura e discursos de superação do atual espírito constitucional, ancorado nos signos da República, da democracia política e social e da efetividade dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e ambientais, com suas indissociáveis garantias institucionais; MANIFESTA a defesa irrestrita e incondicional dos direitos fundamentais sociais, inclusive os trabalhistas, e da imprescindibilidade das instituições que os preservam, nomeadamente a Magistratura do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, a Auditoria Fiscal do Trabalho e a advocacia trabalhista, todos cumpridores de históricos papéis na afirmação da democracia brasileira; e DECLARA a sua compreensão de que não há desenvolvimento sem justiça e paz social, como não há boa governança sem coerência constitucional, e tampouco pode haver Estado Democrático de Direito sem Estado Social com liberdades públicas;
CONSIDERANDO que no Brasil no próximo dia 28 de outubro a população será chamada às urnas para escolher um dos dois candidatos que submeteram ao sufrágio no primeiro turno das eleições ocorridas em 7 de outubro último e que trata-se de dois projetos antagônicos e diametralmente opostos, onde um não valoriza a democracia, exalta os torturadores, dissemina o ódio, nega-se a participar de debate, possui assistência empresarial nas redes sociais de duvidosa legalidade, despreza mulheres, índios, negros e nordestinos, a submissão das minorias e o encarceramento ou exílio dos opositores, e outro projeto que defende a democracia, o Estado de Direito e o respeito às minorias,
A COMUNIDADE CVX-MCL torna público que não apoia, não se alinha e nem pactua com a candidatura do PSL e externa sua posição favorável à candidatura de Fernando Haddad a Presidência da República Federativa do Brasil.
A COMUNIDADE CVX-MCL registra ainda que possui como carisma a ação pastoral no mundo da política, com opção ideológica de esquerda, que promete ser combatida, seja com encarceramento, tortura, exílio ou morte, pelo candidato que se opõe a nossa opção. Da comunidade dois membros já exerceram mandatos de Prefeito na cidade, e todos exerceram funções no Poder Executivo local, com destacada ação de defesa dos menos favorecidos, busca do bem comum, respeito a diversidade, e tantos outros pilares que são publicamente combatidos pelo candidato opositor à nossa opção e seus seguidores.
COMUNICAMOS que, mesmo diante das sérias ameaças, os membros da comunidade, apesar de já marcados pela sua atuação na sociedade, não mudarão seu posicionamento cristão/político/ideológico após o resultado eleitoral que, caso seja contrário ao que defende, com certeza estas ameaças poderão se tornar atos concretos. Caso isso venha a ocorrer, entendemos que a colaboração de quem apoiou este projeto também tem responsabilidade deste mal, caso ocorra.
CONCLAMAMOS a todos os companheiros de caminhada dentro da Grande Comunidade CVX do Brasil, que façamos nestes dias que antecedem a eleição, para fazermos um discernimento e que Deus nos ajude, com sua graça, que o contido no número 23 dos Exercícios Espirituais de Santo Ignácio, sejam concretizados na nossa vida, para que somente desejemos e escolhamos o que mais nos conduz para o fim para que somos criados. (grifo nosso)
Jacareí (SP) – 25 de outubro de 2018
COMUNIDADE CVX-MCL
José Rubens de Souza
Coordenador
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