Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.
2º Domingo – Dia 16.03
Lc 9, 28b-36:Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.
A narrativa da transfiguração segue o esquema clássico das teofanias do Antigo Testamento. Os dois personagens mencionados, Moisés e Elias, são importantes para o AT, pois o primeiro representa a Lei (Moisés), e o segundo, os profetas (Elias). Com isso, Lucas quer dizer que Deus aprova, no seu desígnio de salvação, a paixão que Jesus enfrentará. Como novo Moisés, ele conduzirá seu povo à liberdade.
A conversa de Jesus com eles, embora o texto não diga sobre o que conversavam, mostra que não há ruptura entre o projeto de Jesus (NT) e o projeto de Deus (AT). A nuvem é símbolo da presença divina, como no Sinai, e a voz confirma a palavra de Jesus sobre sua paixão e ressurreição, antes dita aos discípulos.
A presença dos três discípulos quer nos revelar sua experiência antecipada da glorificação de Jesus, que, por sua vez, os encaminha rumo à maturidade da fé cristã.
Jesus é o homem verdadeiro, é o começo de uma nova humanidade, daquela que Deus planejara desde o primeiro instante da criação. Uma humanidade enraizada em Deus, que não faz do prazer, da presunção, do poder ou da riqueza os critérios do seu sucesso ou progresso, que não se ilude proclamando- se autossuficiente, mas que põe toda sua confiança naquele que a criou e a ama como Filho.
A transfiguração de Jesus nos revela essa capacidade prodigiosa e magnífica do corpo humano em poder tornar-se o rosto da Luz Eterna. Nosso corpo é o primeiro Evangelho, pois é através da expressão do nosso rosto, através da nossa abertura, da nossa benevolência e do nosso sorriso, que deve passar o testemunho da Presença Divina.
Graça a pedir: Dá-nos, Senhor, a graça de escolhermos sempre o bem, de nos transfigurar-nos no Cristo, iluminados e inspirados por Ele sempre mais . Amém!
Segunda-feira – Dia 17.03
Lc 6, 36-38:Sede misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso.
Parece-nos que o mandamento do Senhor “não julgueis” deve ser entendido quanto a julgamentos injustos ou a juízos precipitados, desprovidos de certezas. É comum no nosso dia a dia que necessitemos emitir juízos de valor. Como pais de família, como cidadãos e como cristãos batizados, condenamos, inconscientemente, recriminamos, certas posturas e outras. Portanto, o “não julgueis” não pode servir de álibi para aqueles que cometem injustiça. A admoestação do Senhor está muito mais ligada a maneira como fazemos, “a medida com que medimos”. Errôneo seria sermos duros com os outros e benévolos com os nossos próprios erros. Que o Senhor nos dê a sabedoria para não nos eximirmos de emitir juízos corretos, pautados pela misericórdia. incapazes de entender o caminho que Jesus lhes propõe. Jesus acaba de anunciar a sua paixão (este é o terceiro anúncio, dos três relatados por Mateus, Marcos e Lucas), e seus discípulos só pensam em honrarias e cargos de destaque. Ainda não tinham compreendido que o reino anunciado por Jesus não segue os esquemas humanos. Diante do pedido dos filhos de Zebedeu, Jesus lhes mostra que o importante no Reino não é ter um lugar de honra, mas segui-lo em seu caminho de entrega e serviço.
Terça-feira – Dia 18.03
Mt 23, 1-12:“Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem.”
Estamos em plena preparação para a Páscoa de Jesus. Mas como vamos ressuscitar com ele sem conhecermos os vícios que estão matando a vida d’ele em nós? Devemos imitá-lo, tanto na alegria como no sofrimento. É o momento de olharmos para Jesus Crucificado e dizermos a Ele que, se morreu por nós, devemos também ter a coragem de “gastar” nossa vida por ele, fazendo o bem por onde passarmos, como fez entre nós. Devemos aprender a morrer com Jesus para os nossos pecados e a ressuscitar com ele para uma vida nova, ou seja, uma vida cheia de amor pelo Senhor e, por consequência, por aqueles que caminham conosco rumo ao Bom Deus. E em que devemos melhorar? Hoje, Jesus nos pede para tomarmos cuidado com o orgulho, que, mesmo em um ato maravilhoso como é a oração, pode surgir, desvirtuando-a. Por isso não devemos chamar a atenção dos outros para que vejam que estamos rezando. Basta que o nosso Pai, que tudo vê, saiba ouvir as nossas preces, que a ele sobem do nosso coração.
Quarta-feira – Dia 19.03 – São José
Mt 1, 16.18-21.24a:José, esposo dela, sendo justo mas não querendo difamá-la publicamente, decidiu repudiá-la em segredo…
Celebrar São José é celebrar a glória do silêncio, a grandeza daquele que acolhe nos sonhos uma salvação que o envolve no escondimento do cotidiano diante de toda notoriedade esforçada.
Sonhar hoje com a família, com a comunidade, é entrar num silêncio, com um desejo de profundidade e de confiança em que se pode fazer tudo e abraçar a sua vontade sem ses nem mas. A paternidade do silêncio torna-se fecunda num acompanhamento que fortalece e torna possível a revelação do amor entregue e gratuito. Há formas de compreender a vida e a realidade que se tornam fecundas no anonimato do quotidiano e do quotidiano.
Viver a presença do Deus da Palavra no maior silêncio faz de São José uma referência para uma sociedade e uma igreja que precisa de profundidade, que deve parar para se descobrir e interpretar a realidade a partir de chaves teológicas que superem nossas coordenadas míopes de segurança e força.
Hoje a simplicidade, o silêncio e a coerência deste simples judeu que acompanhou Jesus tornam-se a chave para uma espiritualidade que favorece a família e a comunidade autêntica, a fraternidade de origem e de destino. O silêncio e a simplicidade devem acompanhar hoje o processo de conversão a uma nova masculinidade que seja humana e que se abra à realidade da verdadeira igualdade entre mulheres e homens, em sintonia com o que é fundamentalmente humano e compassivo. Precisamos de líderes de transformação que experimentem a novidade nas suas próprias vidas, experimentando uma nova forma de sentir e agir, aberta e sem limitações.
Quinta-feira – Dia 20.03
Lc 16, 19-31:Pai Abraão, compadece-te de mim…
Esta parábola do homem rico e do mendigo Lázaro propõe um apelo à conversão, ela nos faz refletir sobre alguns pontos importantes: a) o fato de que o homem pode se tornar incapaz de se abrir à proposta salvífica de Deus – é o caso do rico; b) o Evangelho não privilegia nem condena uma condição econômica – de pobreza ou de riqueza -, mas procura mostrar que a fé e a conversão devem amadurecer e tornar o mundo mais humano; c) a Palavra de Deus se revela nas Escrituras (Moisés e os Profetas); d) é na Revelação que conhecemos a vontade de Deus, e é nela que obtemos o critério que pode orientar nossa vida.
Se o homem rico tivesse sido gentil e fraterno, e tivesse ultrapassado seu egocentrismo para “descobrir” o “mundo” de Lázaro, teria se convertido a Deus e teria sido salvo.
Sexta-feira – Dia 21.03
Mt 21, 33-43.45-46:Será tirado de vós o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele…
No contexto desta parábola Jesus se defronta com duas instituições do povo de Israel: o templo e as autoridades judaicas, responsáveis por esse templo. A parábola é clara, pois o que conta diante de Deus não são aparências, nem boas intenções ou mesmo palavras, mas é a prática. Deus olha para o que fazemos.
Esta parábola traz todas as características de uma alegoria, pois cada um dos seus elementos tem uma significação: Deus é o proprietário, a vinha é Israel, os servos são os profetas, os administradores são os judeus infiéis, os outros vinhateiros são os pagãos, os pecadores, e o filho é Jesus.
Sábado – Dia 22.03
– Repetição
A oração de cada sábado consiste no exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: “Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente” [EE 2]. Por isso não é apresentada uma nova matéria de oração para este dia. Faço, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.