Retiro do Advento & Natal 2023 — Semana introdutória

VEM, SENHOR JESUS!
Na mística da encarnação
Introdução
Neste Retiro do Advento & Natal, somos convidados a mergulhar na mística da encarnação, pois o nascimento de Jesus em Belém de Judá já inaugura a plenitude dos tempos, em que se realiza o mistério da Salvação humana. Esta esperança foi alimentada desde a promessa de Deus a Abraão até se completar no mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição. Salvação que culminará na plenitude no céu, quando Ele vier como Senhor e Juiz da história, pois “Aquele” que assumiu a nossa humanidade, nos fez participantes de sua divindade, que será manifestada em todo o seu esplendor no dia final.
Assim a mística deste tempo faz brotar um profundo sentimento de alegria e paz, pois este é um tempo em que afloram as disposições de reconciliação entre as pessoas e destas com Deus, o empenho solidário em fazer acontecer um mundo novo, onde não haja necessitados, onde a justiça e a paz possam se abraçar.
No domingo anterior, celebramos a Festa de Cristo, Rei do Universo. Segundo as imagens do Apocalipse, Cristo é “o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap 22, 13). Como verdadeiro “Rei do universo”, governa e renova tudo, para poder “entregar” no final o mundo ao Pai, “para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15, 28). Procuremos que sua realeza se manifeste em nosso esforço por viver as realidades do mundo, transfigurando-as com o amor e o louvor a Deus.
Então, nesta semana, anterior ao primeiro domingo do Advento, somos convidados a aquecer nossos corações, a nos prepararmos na dinâmica da vida, no dia-a-dia de nossa realidade, para este retiro do Advento, onde, contemplando o Menino nascido na “Casa do Pão”, naquela Noite Feliz e Santa, vislumbramos uma luz diferente que ilumina os olhos de nossa fé.

Textos para a semana
Segunda-feira (27 nov.)
Lucas 21,1-4
Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas moedas.
Esta narrativa de Lucas vem em seguida à advertência de Jesus contra a prática dos escribas. Estes escribas, enquanto fazem questão de ostentar piedade e prestígio, devoram as casas das viúvas. Em continuidade a esta denúncia, segue a narrativa da oferta da pobre viúva. O templo de Jerusalém tinha um anexo, o Tesouro, onde eram guardadas as riquezas e depositadas as ofertas através de pequenas aberturas externas. Jesus, ostensivamente, senta-se diante do Tesouro para observar.
Terça-feira (28 nov.)
Lucas 21,5-11
Não ficará pedra sobre pedra.
Em meio ao barulho do povo no templo, alguns admiram a magnificência da construção. O templo, reconstruído depois do exílio, parece que foi realmente modesto se comparado com o primeiro, con7truído por Salomão. Contudo, para a época de Jesus, aquele modesto templo do pós-exílio era outra coisa totalmente diferente.
Herodes o Grande, com mania de grandeza por natureza, buscando reconciliar-se com os judeus, havia-se encarregado de remodelá-lo, com ampliações e com soluções que ainda surpreendem a engenharia moderna. Isto para entender por que os visitantes se maravilhavam tanto com aquela obra. Além da magnificência do edifício e a pompa da obra como tal, o templo significava tudo para Israel, não somente por sua convicção de que era o lugar da Presença, lugar onde habitava o Nome de Deus ou sua Glória (Ezequiel 43, 4), mas porque, como estrutura institucional, determinava todos os objetivos políticos, econômicos, sociais e religiosos da nação.
Quarta-feira (29 nov.)
Lucas 21,12-19
Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça.
Continuamos com as palavras que Jesus começa a dirigir a seus discípulos no versículo 10. Tanto o versículo 10b como 11 são um recurso literário de Lucas, próprio da literatura apocalíptica, e não são para meter medo nem terror, nem são, como certas interpretações fundamentalistas pretendem, um anúncio sobre o fim do mundo.
Uma ordem de coisas que tenha sido construída sobre violência e sangue de inocentes tem de cair, esse sistema carrega em si mesmo a dinamite que terminará por destruí-lo. Isto é o que quer descrever Lucas com estas imagens que, repito, são mais de esperança e de garantia de que algum dia os sistemas injustos terminarão por autodestruir-se, do que de terror ou medo.
“Antes de tudo isto, vocês serão perseguidos…” (v. 12). Prevê Jesus uma reação violenta por parte das autoridades judaicas (leva-los-ão às sinagogas) e das autoridades romanas (diante de governadores e reis). Por causa de quê? Por estar o discípulo empenhado ativamente na transformação da ordem injusta, anunciando, denunciando e realizando os sinais do Reino, exatamente como fez o Mestre. Daí que quase os mesmos termos que anunciam sua Paixão, anunciam também o caminho de sofrimento para seus seguidores.
Quinta-feira (30 nov.)
Mateus 4, 18-22: Santo André
Venham comigo e eu os farei pescadores de homens.
Todo cristão tem a missão de evangelizar que se realiza, entre outras coisas, por três funções. Em primeiro lugar, deve-se ter suficiente conhecimento dessa missão, que é objeto tanto da ciência quanto de arte e não apenas um assunto de bons sentimentos. Em segundo lugar, deve-se dar testemunho. Em terceiro, vem o construir, o dever de comprometer-se.
Sexta-feira (1º dez.)
Lucas 21,29-33.
Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. Com estas palavras Jesus confirma o poder de seus ensinamentos e suas profecias em relação ao fim do mundo; em outras palavras, o poder de seu Evangelho.
A História tem confirmado a posição de Jesus: seu Evangelho continua a ser uma lição e uma inspiração, hoje como ontem, para todas as categorias de pessoas, nações, sociedades e culturas. Mas ainda, suas palavras são dotadas de tal veracidade e força que milhões de homens, hoje em dia, sem ter nunca ouvido Jesus falar, estão prontos como sempre a dar sua vida por Ele.
Sábado (02 dez.)
Repetição* ou Lucas 21,34-36
Estejam vigilantes!
Ontem, o evangelho nos falava da importância de se ficar atento aos sinais dos tempos para se poder perceber a proximidade e a chegada do reino. Hoje, ensina-nos que é preciso estar preparados para a chegada do Filho do Homem.
O “ficar preparados” implica, segundo o evangelho de hoje, não se deixar absorver pela rotina dos dias, já que nessa rotina há situações e fatos que podem tornar-nos insensíveis, sobretudo, aqueles menos úteis para a vida como são os vícios, as bebedeiras (v. 34). Quem é absorvido por estas coisas pode facilmente ser surpreendido “naquele dia” e cair como numa armadilha.
* Repetição: Outra possibilidade para a oração do último dia desta semana e também das próximas, é não rezarmos a partir de um texto novo, mas voltar aos momentos em que sentimos maior consolação ou maior desolação nas orações de cada dia. Lembrando-nos de que “não é o muito saber que satisfaz a pessoas, mas o saborear internamente, com fé, o que o Senhor nos revelou” (EE 15).
Retiro de Advento e Natal 2023
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Pintura da capa: Pe. Luís Renato,SJ
Pinturas das semanas: Luís Henrique

