Semana introdutória
Retiro do Advento e Natal 2020
Introdução
Neste Retiro do Advento & Natal, somos convidados a mergulhar na mística da encarnação, pois o nascimento de
Jesus em Belém de Judá já inaugura a plenitude dos tempos, em que se realiza o mistério da Salvação humana. Esta
esperança foi alimentada desde a promessa de Deus a Abraão até se completar no mistério de sua Paixão, Morte e
Ressurreição. Salvação que culminará na plenitude no céu, quando Ele vier como Senhor e Juiz da história, pois
“Aquele” que assumiu a nossa humanidade, nos fez participantes de sua divindade, que será manifestada em todo o seu esplendor no dia final.
Assim a mística deste tempo faz brotar um profundo sentimento de alegria e paz, pois este é um tempo em que
afloram as disposições de reconciliação entre as pessoas e destas com Deus, o empenho solidário em fazer acontecer
um mundo novo, onde não haja necessitados, onde a justiça e a paz possam se abraçar.
No domingo anterior, celebramos a Festa de Cristo, Rei do Universo. Segundo as imagens do Apocalipse, Cristo é “o
alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim” (Ap 22, 13). Como verdadeiro “Rei do universo”, governa e renova tudo, para poder “entregar” no final o mundo ao Pai, “para que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15, 28). Procuremos que sua realeza se manifeste em nosso esforço por viver as realidades do mundo, transfigurando-as com o amor e o louvor a Deus.
Então, nesta semana, anterior ao primeiro domingo do Advento, somos convidados a aquecer nossos corações, a nos
prepararmos na dinâmica da vida, no dia-a-dia de nossa realidade, para este retiro do Advento, onde, contemplando
o Menino nascido na “Casa do Pão”, naquela Noite Feliz e Santa, vislumbramos uma luz diferente que ilumina os olhos
de nossa fé.
23.11 – Segunda-feira
Texto: Lucas 21, 1-4
Viu também uma pobre viúva que depositou duas pequenas
moedas.
Esta narrativa de Lucas vem em seguida à advertência de Jesus contra a prática dos escribas. Estes escribas,
enquanto fazem questão de ostentar piedade e prestígio, devoram as casas das viúvas. Em continuidade a esta
denúncia, segue a narrativa da oferta da pobre viúva. O templo de Jerusalém tinha um anexo, o Tesouro, onde eram
guardadas as riquezas e depositadas as ofertas através de pequenas aberturas externas. Jesus, ostensivamente,
senta-se diante do Tesouro para observar.
24.11 – Terça-feira
Texto: Lucas 21, 5-11
Não ficará pedra sobre pedra
Em meio ao barulho do povo no templo, alguns admiram a magnificência da construção. O templo, reconstruído
depois do exílio, parece que foi realmente modesto se comparado com o primeiro, con7truído por Salomão. Contudo,
para a época de Jesus, aquele modesto templo do pós-exílio era outra coisa totalmente diferente.
Herodes o Grande, com mania de grandeza por natureza, buscando reconciliar-se com os judeus, havia-se encarregado de remodelá-lo, com ampliações e com soluções que ainda surpreendem a engenharia moderna. Isto
para entender por que os visitantes se maravilhavam tanto com aquela obra. Além da magnificência do edifício e a
pompa da obra como tal, o templo significava tudo para Israel, não somente por sua convicção de que era o lugar da Presença, lugar onde habitava o Nome de Deus ou sua Glória (Ezequiel 43, 4), mas porque, como estrutura
institucional, determinava todos os objetivos políticos, econômicos, sociais e religiosos da nação.
25.11 – Quarta-feira
Texto: Lucas 21, 12-19
Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça.
Continuamos com as palavras que Jesus começa a dirigir a seus discípulos no versículo 10. Tanto o versículo 10b
como 11 são um recurso literário de Lucas, próprio da literatura apocalíptica, e não são para meter medo nem terror, nem são, como certas interpretações fundamentalistas pretendem, um anúncio sobre o fim do mundo.
Uma ordem de coisas que tenha sido construída sobre violência e sangue de inocentes tem de cair, esse sistema
carrega em si mesmo a dinamite que terminará por destruí-lo. Isto é o que quer descrever Lucas com estas imagens
que, repito, são mais de esperança e de garantia de que algum dia os sistemas injustos terminarão por autodestruir-se, do que de terror ou medo.
“Antes de tudo isto, vocês serão perseguidos…” (v. 12). Prevê Jesus uma reação violenta por parte das autoridades
judaicas (levá-los-ão às sinagogas) e das autoridades romanas (diante de governadores e reis). Por causa de quê?
Por estar o discípulo empenhado ativamente na transformação da ordem injusta, anunciando, denunciando e
realizando os sinais do Reino, exatamente como fez o Mestre. Daí que quase os mesmos termos que anunciam sua
Paixão, anunciam também o caminho de sofrimento para seus seguidores.
26.11 – Quinta-feira
Texto: Lucas 21, 20-28
Levantai-vos e erguei a cabeça, porque vossa libertação está
próxima.
A destruição de Jerusalém pela Babilônia já havia sido interpretada pelo povo judeu como castigo por terem pecado
contra Deus. Por outro lado, Ciro da Pérsia, cruel conquistador, foi considerado um messias, escolhido por Deus, por ter feito um acordo para a volta das elites exiladas a fim de reconstruírem Jerusalém. Agora, Jerusalém está prestes a ser destruída de novo. Toda esta violência, que é fruto da ambição e do conflito de poderes, ainda é vista como vontade de Deus. Jesus ofereceu a paz a Jerusalém e ao mundo. Aqueles que a rejeitam caminham para a autodestruição. Os discípulos de Jesus, libertos desta espiral de violência, de cabeça erguida continuam sua missão de anunciar e construir a paz.
27.11 – Sexta-feira
Texto: Lucas 21, 29-33
Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. Com estas palavras Jesus confirma o poder de
seus ensinamentos e suas profecias em relação ao fim do mundo; em outras palavras, o poder de seu Evangelho.
A História tem confirmado a posição de Jesus: seu Evangelho continua a ser uma lição e uma inspiração, hoje como ontem, para todas as categorias de pessoas, nações, sociedades e culturas. Mas ainda, suas palavras são dotadas de tal veracidade e força que milhões de homens, hoje em dia, sem ter nunca ouvido Jesus falar, estão prontos como sempre a dar sua vida por Ele.
28.11 – Sábado – Repetição
Repetição ou Lucas 21,34-36.
Estejam vigilantes!
Ontem, o evangelho nos falava da importância de se ficar atento aos sinais dos tempos para se poder perceber a
proximidade e a chegada do reino. Hoje, ensina-nos que é preciso estar preparados para a chegada do Filho do
Homem.
O “ficar preparados” implica, segundo o evangelho de hoje, não se deixar absorver pela rotina dos dias, já que nessa
rotina há situações e fatos que podem tornar-nos insensíveis, sobretudo, aqueles menos úteis para a vida como são os vícios, as bebedeiras (v. 34). Quem é absorvido por estas coisas pode facilmente ser surpreendido “naquele dia” e cair como numa armadilha.
Oração de repetição — Cada sábado se propõe o exercício chamado de repetição. Trata-se de aprofundar aquilo que rezei durante a semana. Santo Inácio diz: “Não é o muito saber que satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coisas internamente” [EE 2]. Posso fazer, pois, a oração, a partir do texto ou moção que mais me consolou ou que mais me desolou na semana que passou.
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Material produzido pelo Pe. Luís Renato Carvalho de Oliveira, SJ, disponível no portal dos Jesuítas Brasil
