Lígia de Medeiros

Meu altarzinho

O Jesus Crucificado está ao lado do Ressuscitado, herança das duas avós que assim me pediam, com graça, que continuasse na fé que cultivaram toda a vida.

O Cristo que cabe na palma da minha mão, de caprichada fundição, veio de um avô espírita que, severo com a família, era generoso fora de casa. No seu funeral conhecemos alguns dos seus protegidos que vieram para se despedir daquele “homem tão bão”.

A Madona, esculpida em madeira, foi presente da mãe de um aluno, grata por suportar, por um longuíssimo ano, o seu filho bagunceiro.

O ícone ortodoxo, fecho de uma viagem maravilhosa, a primeira que fiz à Terra Santa.

A Nossa Senhora que entrou no lugar de outra que caiu no chão e se espatifou, justamente após o pensamento infeliz de que ela era grande demais para entrar no meu pequeno altar. Ah, quantos pedidos de perdão ela ouviu, e só me senti perdoada quando a escultura da Mãe grávida do Amor Perfeito entrou, por sorteio, no lugar da que se quebrou.

É frente a essa mesinha que abro o coração para ler a Palavra e fazer os louvores, as súplicas, os agradecimentos. É onde me alegro na esperança de um céu que se abra para mim, crendo que, os que me antecederam, irão me receber em festa, e me levarão a conhecer, finalmente, O Dono da Casa.

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Lígia de Medeiros é artista, designer, educadora e carioca. [Instagram | site]

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