Meios para um fim

Pe. Haroldo J. Rahm, SJ

Julho com Inácio de Loyola

Vigésimo terceiro dia

A pobreza, para Inácio, não era apenas uma maneira de se assemelhar a Jesus pobre e humilhado, mas era um meio para alcançar a virtude da humildade, verdadeiro fundamento de todas as outras virtudes. De “opróbrios e menosprezos”, diz, “se segue a humildade”. Nos seus Exercícios dirá ainda:

A humildade mais perfeita consiste no seguinte: no intuito de imitar a Cristo nosso Senhor e de mais a ele me assemelhar efetivamente, eu quero e escolho antes pobreza com Cristo pobre que riqueza; desprezos com Cristo cheio deles que honras; e desejo mais ser tido por insensato e louco por Cristo que primeiro foi tido por tal, que por sábio ou prudente neste mundo.

Exercícios Espirituais, 167

É certamente doutrina arrojada e para os valentes, para aqueles que querem realmente assinalar-se, “mostrar maior afeição e distinguir-se no serviço total do Rei Eterno”.

Para ele, também, há outro ponto de vista. É que a humildade se confunde com o amor; é, na verdade, uma manifestação de amor, e coloca o homem no seu devido lugar perante o Criador. Como não há de ser uma prova de amor se é uma escolha, e uma escolha contrária às propensões da natureza, para ser semelhante e agradável ao Amado?

No entanto, se Inácio quer ser santo, não é para si só. É para fazer conquistas, lutar com e por seu Rei, e aumentar as fileiras do seu exército. Para isso, precisa estar à altura da sua missão. Nesse intuito evangélico, resolve estudar. Os seus Exercícios, é preciso que a Igreja os aprove. Se o Divino Espírito os inspirou, ela o fará. Porém, devem estar conformes à Escritura e à Tradição da Igreja. É necessário, portanto, adquirir a ciência e a cultura da Igreja. O seu ideal de serviço leva-o, consequentemente, a estudar.

Regressando de Jerusalém, ele se toma estudante. É de pouca monta a sua bagagem intelectual. Passa mais de três anos em várias universidades da Espanha. Os resultados não são satisfatórios. Vai para Paris. Não se envergonha de se sentar com garotos nos bancos da escola para aprender o latim.

Passará dez anos de sua vida nessa preparação para o que Deus espera dele. O saber é para ele apenas um meio. Aliás, ele diz que nunca sofreu tanto, da parte dos sábios, homens da Igreja, que durante o seu tempo de estudo. A firmeza do seu amor e de sua vontade não o afastam um instante do caminho escolhido.

Senhor Jesus,
quero conhecer melhor os teus mistérios,
viver na tua intimidade, para me assemelhar a ti nos meus pensamentos e atitudes.
Ajuda-me, Senhor!


RAHM, Haroldo J. Inácio de Loyola: um leigo de oração. São Paulo: Loyola, 1989. 68 p. p. 51-52.

JULHO COM INÁCIO DE LOYOLA

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